
Há alguns anos atrás, nas Olimpíadas Especiais de Seattle, nove
participantes, todos com deficiência mental ou física, alinharam-se para a largada da corrida dos 100 metros rasos.
Ao
sinal, todos partiram, não exatamente em disparada, mas com vontade de
dar o melhor de si, terminar a corrida e ganhar. Todos, menos um garoto,
que tropeçou no asfalto, caiu rolando e começou a chorar.
Os outros oito ouviram o choro. Diminuíram o passo e olharam para trás.
Então
eles viraram e voltaram. Todos eles. Uma das meninas, com Síndrome de
Down, ajoelhou, deu um beijo no garoto e disse: "Pronto, agora vai
sarar".
E todos os nove competidores deram os braços e andaram juntos até a linha de chegada.
O
estádio inteiro levantou e os aplausos duraram muitos minutos. E as
pessoas que estavam ali, naquele dia, continuam repetindo essa história
até hoje.
Porquê?
Por que, lá no fundo, nós sabemos que o que
importa nesta vida mais do que ganhar sozinho, é ajudar os outros a
vencer, mesmo que isso signifique diminuir o passo e mudar de curso.
1. Introduçao
Nosso
trabalho sobre o cuidado pastoral para os portadores de necessidades
especiais é de suma importância para a igreja que há séculos vem
esquecendo essa verdade pulsante.
Como igreja brasileira precisamos
abrir os nossos olhos para os excluídos da sociedade de consumo
pós-moderna e esse abrir os olhos passa pelo caminho da compaixao e da
inclusao como também um caminho para uma pastoral da dor em meio os
dramas da vida.
Nossa proposiçao tem como foco uma proposta
justa para essa lacuna em muitas igrejas sejam elas históricas ou
pentecostais. Iniciaremos nosso trabalho mostrando o ostracismo de uma
pastoral para os portadores de necessidades especiais no complexo de uma
eclesiologia contemporânea.
Em seguida trabalharemos com dois
personagens que ao longo dos seus ministérios desenvolveram uma pastoral
de compaixao que serve de modelo para repensarmos a nossa caminhada.
Olharemos para Henry Nouwen e seu despojamento em busca da compreensao
do outro e esse outro sao pessoas deficientes que precisam ser amadas na
doce e amarga caminhada da vida.
Depois olharemos para Camilo
de Lelles que viveu no século XVI no ardor da reforma protestante e do
Concílio de Trento. Longe das questoes teológicas que marcaram aquele
período Camilo de Lelles seguiu uma estrada nova em sua época entregou a
sua vida a cuidar de doentes, pessoas excluídas, mal amadas,
abandonadas e rejeitadas pela sociedade. Em seu despojamento Camilo
deixou um exemplo da práxis de uma pastoral de cuidado em meio ao caos.
Em
seguida estaremos focando nossa visao de maneira sintética na pessoa de
Jesus Cristo e os portadores de necessidades especiais como um caminho
para uma pastoral marcada pela paixao e pelo cuidado. Encerraremos com
uma proposta de cuidado pastoral através da análise de Ana Paula Costa,
pedagoga crista que trabalha com deficientes mentais na Apae de Santa
Catarina.
Como em todas as épocas os portadores de necessidades
especiais lutam com o gigante Isbi Benobe do preconceito, da falta de
respeito, dos maus tratos, da falta de um programaçao justa que inclui a
todos dando espaço para todos no vasto mundo humano. Nossa argumentaçao
em mostrar alguns pontos esquecidos pela ala evangélica nao é colocar o
dedo na ferida dos eclesianos mais trazer a tona um erro histórico que
precisa ser corrigido pela igreja de Cristo na luz do Evangelho e da
contextualizaçao.
Geralmente o máximo que as igrejas cristas
fazem é uma pista para os cadeirantes ter acesso ao templo, culto para
os surdos, bíblias em braile para os cegos etc. Tudo isso é importante
mais falta de fato um programa pastoral para essas pessoas que como Adam
sao amados por Deus e nao podem ser esquecidos pela igreja. É verdade
que muitas igrejas tem levado esse programa a sério mais a realidade
mostra o quanto estamos omissos no que tange essa temática. Que Deus nos
ajude nesta tarefa de glorificar o seu nome entre os necessitados e
portadores de deficiencia especiais.
2. O ostracismo de uma pastoral para os portadores de necessidades especiais no complexo de uma eclesiologia contemporânea.
Há
algum tempo através eu e minha esposa fiquemos profundamente
impressionados com a palestra do Professor Stevem Dubner um dos melhores
palestrantes do Brasil que trabalhou o tema “Nao sabendo que era
impossível ele foi lá e fez”.
O auditório da Universidade ficou
perplexo em ver em Stevem um profundo amor pelos deficientes físicos
como também sua proposta apaixonante por cada um deles. Seu foco sua
missao seu dinamismo e sua visao impressionou a todos que estavam
naquela noite na Universidade do Sul de Santa Catarina.
Steven
Dubner ministra em empresas, escolas, universidades etc. e sua palestra é
considerada entre os maiores empresários brasileiros e associaçoes de
RH como uma das 10 melhores palestras em todo o Brasil. Com uma
experiencia de mais de 25 anos com o esporte adaptado ele foca a grande
importância da inclusao e da habilidade dos deficientes físicos.
Steven
mostra que podemos através do incentivo e de uma visao clara
transformar frustraçoes, decepçoes desafios oriundo de um preconceito
numa sociedade niilista, narcisista, capitalista e excludente
principalmente com os necessitados e portadores de deficiencia especiais
em oportunidades para formar atletas que vencem tanto no campo do
esporte adaptado como no campo da vida. Stevem deixa claro sua paixao em
realizar seu trabalho com os deficientes físicos.
Ele já
palestrou mais de mil vezes em todo o Brasil e fora do Brasil e o que
impressiona em sua obstinaçao é que suas palestras de consciencia,
alerta, motivaçao e realismo nao é um exibicionismo nem um estrelado.
Toda a verba arrecada com o brilhantismo de suas palestras sao
revertidas para a compra de cadeiras de rodas e para a Associaçao
Desportiva para Deficientes.
Como pastor fiquei pensando que
esse deve ser o papel da igreja que é sal e luz para o mundo. Ela mais
do que ninguém deve ter um acento permanente na causa dessas pessoas
criadas a imagem de Deus. Fico refletindo aonde esta a igreja diante dos
gritos dos excluídos que precisam urgentemente de esperança messiânica
de ouvir as boas novas do evangelho.
Nossa pastoral em tom
eclesiano nao tem olhado para o realismo dos necessitados e portadores
de deficiencia especiais. A igreja brasileira caminha em passos lentos
para esse ministério de compaixao e justiça. Os pastores, seminaristas
etc ainda vivem num ostracismo de uma pastoral de cuidado integral para
com esse tipo de verdade ontológica.
A igreja tem se preocupado
com tantas coisas e as vezes nao consegue se desvencilhar de sua aridez
teológica, seu clericalismo, seu denominacionalismo suas estratégica de
programas que sao voltados para “dentro” numa manutençao doentia de
segurar a membresia alimentando o status quo eclesiástico.
As
muitas programaçoes eclesiásticas os frenesis cristaos voltados para o
céu, para o meu bem querer e para as necessidades humanas tem desfocado a
igreja de olhar para o mundo e perceber que ao redor dela existe uma
grande multidao de pessoas vivendo em estado de sofrimento, miséria
física-emocional, social-espiritual e que essas pessoas precisam
urgentemente ouvir o Evangelho de Cristo.
Grande é o número dos
necessitados e portadores de deficiencia especiais que estao clamando “
passe a Macedônia e nos ajude”, se formos obedientes como o apóstolo
Paulo que diante deste fato foi em busca dos necessitados abandonando
todo o seu projeto inicial ou persistencia racionalista iremos também
nos deparar com o amor de Deus sendo derramado para essa gente como foi
derramado em Filipos nos primórdios da igreja em Atos dos apóstolos no
capítulo dezesseis.
É claro que diante de um fato novo e urgente
as barreiras se levantam, as lutas e perseguiçoes se agigantaram mais
como Paulo e sua equipe devemos ser fiel ao chamado e a vocaçao para uma
pastoral de cuidado.
Jesus Cristo modelo para todo ministério
pastoral e também para a pastoral eclesiológica que nao inclui somente
os ordenados mais todo o povo de Deus “ laos Dei” e isso é salutar
pensarmos assim pois é sem dúvida o redescobrimento reformado do
sacerdócio de todos os crentes que nao visa somente o clero mais todo o
povo no entroncamento da vida e do dia a dia da ontologia humana ele o
filho de Deus se deparou e se encontrou com deficientes físicos,
deficientes visuais, deficientes auditivos etc. e nao ficou indiferente
aos seu dramas mais num olhar de compaixao estendeu a mao em forma de
cuidado e amor.
Jesus Cristo é um protótipo de amar aqueles que
pouco sao amados, de incluir aqueles que sao excluídos, de dar esperança
aqueles que em virtude de seu problema perderam a esperança a utopia e o
sonho. No caminho da cruz de Cristo surge uma proposta urgente para a
igreja no que tange o cuidado pastoral para os necessitados e portadores
de deficiencia especiais que é a imitaçao de Cristo como diz Tomás de
Kempis “ Sao as palavras de Cristo que nos exortam a imitarmos sua vida e
costumes, se verdadeiramente quisermos ser iluminados e livres de toda a
cegueira de coraçao ”.
É no tecido do ministério de Jesus
Cristo que brota a verdadeira cristologia que nao é somente uma
verbalizaçao academicista mais um pélago encarnacional, relacional de
uma práxis de compaixao e exemplo integral. A igreja de Cristo deve
compreender a sua responsabilidade neste aspecto aqui mencionado. Ela
nao deve fugir da sua responsabilidade espiritual de anunciar o
evangelho todo para todas as pessoas em todo o tempo e em todo lugar
como sinaliza o pacto de Lausanne. A igreja de Cristo nao deve jamais se
esconder no manto do descaso social como fez Jonas que diante do
desafio de ir para Nínive preferiu ir para Társis longe da vontade de
Deus ( Jn. 1. 1-3)
A tarcirizaçao da igreja que é a indiferença
com o mandamento de Deus e sua missao é pecado diante do Altíssimo. A
igreja é voz profética e deve em nome de Deus denunciar toda a
injustiça, todo o descaso social, todo o patrulhamento preconceituoso
contra os necessitados e portadores de deficiencia especiais (
Prov.31.8-9)
O teólogo anglicano Dr. John Stott em seu livro
Mentalidade Crista: Posicionamento do Cristao em uma Sociedade nao
Crista, aponta para o dever integral da igreja diante do mundo. Stott
diz que o laissez-faire da igreja que é justamente a apatia e a
indiferença é um grande erro eclesiológico que traz conseqüencia.
Como
igreja nao podemos ficar indiferente com a situaçao de injustiça,
descaso social etc em todas as formas que deforma. Na verdade estamos
diante de uma situaçao que precisamos abraçar em nome de Deus que é uma
pastoral de cuidado para com os necessitados e portadores de deficiencia
especiais.
E esse cuidado nao é uma fuga para Tarsis mais um ir
para Nínive em busca do fraco, do perdido, da ovelha ferida que nao
consegue discernir entre a mao direita e a mao esquerda no jogo dúbio da
vida
Segundo o Unicef, uma em cada 10 crianças é portadora de
necessidades especiais e 190 milhoes de crianças no mundo estao nessa
situaçao, das quais cerca de 150 milhoes nos países nao-desenvolvidos.
A
Organizaçao Mundial de Saúde estima que no Brasil existam 15 milhoes de
portadores de necessidades especiais, dos quais cerca de 7 milhoes com
deficiencia mental, 3 milhoes com deficiencia física, um milhao e meio
com múltiplas deficiencias, 750 mil com deficiencia visual e cerca de 2
milhoes com deficiencia de audiçao.
Outras fontes dizem que esse número já chegou a casa dos 25 milhoes de pessoas.
Os
necessitados e portadores de deficiencias especiais vivem um drama
diário juntamente com suas famílias. O poder público nao tem uma
resposta satisfatória quanto a essa realidade. Esse realismo é presente
já no inicio da vida, pois muitas creches nao tem condiçoes para
receberam essas crianças. Assim como dizem os estudiosos no assunto
muitos pais tem que renunciar o seu trabalho principalmente a mae para
poder cuidar do filho que é portador de deficiencia.
Este fato
percorre por toda a vida, pois a integraçao a inclusao o afeto ainda é
uma realidade tardia, labutante nas fazes adultas. Outro ponto
desfavorável é justamente á oportunidade de trabalho para essa fatia
grande na sociedade que é esquecida.
É certo que várias medidas a
nível político já foi tomada, todavia a práxis da inclusao trabalhista é
barrada pelo mercado narcisista que coloca esse tipo de pessoas nao por
causa do amor e do afeto mais por causa de um decreto de lei que obriga
esta açao.
Estamos longe de ver uma sociedade que inclui
através do amor e do olhar de compaixao. Esse papel sem dúvida deve ser
da igreja que é por assim dizer a comunidade do amor, do perdao, da
reconciliaçao, do afeto, do abrigo.
A igreja de Cristo nao pode
ficar no ostracismo dessa realidade mais em nome de Deus deve fazer um
programa que atinge essas pessoas como também ser participadora de
órgaos que á anos vem lutando esta causa justa. Ela deve ser humilde em
aprender o caminho técnico do desdobramento desse realismo e como
trabalhar isso no patamar da interdiciplinidade como ajuste e encontro
de ramos da ciencia em prol do sofrido.
Muitos profissionais estao
em nossos bancos de igreja em virtude de um conceito errado de vocaçao
eles estao no corpo de Cristo inativos enquanto poderiam ser
capacitados- para essa sublime tarefa, pois temos pedagogos, médicos,
professores, psicólogos, assistentes sociais etc. que poderiam servir a
igreja e consequentemente o mundo nas suas formas mais complexas.
Como
igreja achamos que vocaçao é algo no campo dos “ordenados” dos
treinados no campo da teologia. Esse engano histórico deve ser removido
das fileiras do evangelho, pois vocaçao nao está vinculada somente no
brasao da ordenança mais cada profissao é uma vocaçao que deve ser
servida no reino de Deus para o louvor da sua glória.
Um projeto
de cuidado pastoral para os necessitados e portadores de deficiencia
especiais passa por esse romper barreiras e fronteiras dentro da própria
estrutura eclesiástica e pastoral. Se queremos contribuir para essa
fatia crescente em nossa naçao devemos ter um olhar de compaixao para
com essas pessoas e seu mundo imediato que envolve família, renda,
sonhos, dedicaçao etc.
A igreja deve ser humilde em reconhecer a
sua omissao tanto em projeto da igreja local como em sua voz profética
junto aos órgaos públicos e na conscientizaçao humanizadora de seus
membros quanto a essa questao. Jesus Cristo deixou exemplo para a igreja
seguir e esse exemplo deve ser teologizado, encarnado, vivido para
gloria de Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo.
Pensando
assim iremos juntos romper o ostracismo de uma pastoral para os
necessitados e portadores de deficiencia especiais no complexo mundo da
eclesiologia contemporânea. Sabemos que a tarefa é árdua mais prazerosa,
pois sabendo que era impossível ele foi lá e fez nós como cristao
determinados a ajudar esse enorme grupo de 25 milhoes de necessitados e
portadores de deficiencia servimos o Deus do impossível que pela sua
graça já fez um programa especial para esses seu filhos queridos.
Agora
cabe a nós redescobrir as velhas e sempre novas palavras de Jesus
Cristo “ assim como o pai me enviou eu envio a vós” entao “ide por todo
mundo e pregai o evangelho para toda a criatura” e sem dúvida aqui se
coloca com sublimidade os portadores de deficiencia especiais.
A
igreja contemporânea e o seu complexo eclesiástico devem revisitar as
frases do general William Booth fundador do Exército de Salvaçao que
expressou dizendo:
“ Enquanto mulheres chorarem, como choram agora,
Eu lutarei; Enquanto criancinhas passarem fome, como passam agora, Eu
lutarei; Enquanto homens passarem pelas prisoes, entrando e saindo,
entrando e saindo, Eu lutarei; Enquanto houver uma moça vagando perdida
pelas ruas, Enquanto restar uma alma que esteja nas trevas sem a luz de
Deus, Eu lutarei; até o fim, Eu lutarei”.
O Pacto de Lausanne
maior evento contemporâneo da cristandade evangélica que ocorreu em 1974
na Suíça e que foi representado por mais de 150 naçoes em seu artigo V “
A responsabilidade Social Crista”, deixa claro que o ostracismo
eclesiástico diante das camadas desfavorecidas da sociedade é um grave
erro cristao.
Lausanne salientou que o ser humano foi feito a
imagem de Deus e toda pessoa independente de raça, religiao, cor
cultura, camada social, sexo ou idade possui uma dignidade intrínseca
razao pela qual deve ser respeitada e servida e jamais explorada.
O
evangelho e a açao social nao sao incompatível excludente como sublinha
o Pacto “ embora a reconciliaçao do homem com o homem nao signifique a
reconciliaçao deste com Deus, nem a açao social evangelizaçao, e nem
emancipaçao política salvaçao, contudo afirmamos que a evangelizaçao e o
envolvimento sócio-político sao ambos parcelas do nosso dever cristao”.
Sem dúvida nosso dever como igreja é rever em primeiro lugar
nosso propósito, nossa identidade, nossa missao. Nao podemos ter um
evangelho voltado para dentro “ centrípeto” , mais um evangelho voltado
para fora “ centrífugo”, que enxerga o caído, o desfavorecido, o ferido,
o excluído que espera em nós os eclesianos uma pastoral de cuidado e
amor.
3. Um Olhar de Compaixao Através de Henry Nouwen e Camilo de Lellis.
3.1. Henry Nouwen
Em
1932 na Holanda nasceu o erudito Henri J. Nouwen. Ele dedicou a sua
vida como escritor, preletor e foi professor talentoso nas universidades
de Harvard, Yale e Notre Dame. Hábil escritor Henry Nouwen escreveu
vários livros que contribuiu muito para uma teologia da espiritualidade
crista como também deixou exemplo de uma pastoral para os portadores de
necessidades especiais sendo mentor espiritual de vários líderes
espalhado pelo mundo.
Nouwen abandonou uma carreira academica
brilhante para pastorear os deficientes mentais na comunidade “ A Arca”
em DayBreak na cidade de Toronto no Canadá. Durante quase uma década
esse holandes amado dedicou a sua vida ajudando os deficientes em
Daybreak dando destaque para o jovem Adam Arnett que morreu em fevereiro
de 1996 na qual Henry cuidou e pastoreou.
Nouwen que faleceu no
mesmo ano no dia 21 de setembro 1996 escreveu seu último livro em
homenagem a esse jovem com deficiencia mental deixando assim um legado
de despojamento, compreensao, renúncia, compaixao etc.
Em seu
livro Adam o Amado de Deus aprendemos o quanto devemos repensar nossa
caminhada de fé e voltarmos os nossos olhos para uma lacuna que a igreja
precisa preencher que é justamente um programa para os portadores de
deficiencias especiais.
Existem vários Adams que precisam ser
abraçados, incluídos, compreendidos, amados no chao do nosso país. A
tarefa é por demais complexa e desafiadora mais Deus convoca sua igreja
para a sublime causa.
De fato como igreja devemos confessar
nossa falha histórica para com os deficientes especiais. A igreja
hodierna tem uma agenda eclesial pragmática que envolve programa de
juniores, programa de louvor, programa para jovens, programa de
capacitaçao para líderes, programa para as senhoras, programa para os
homens etc. mais poucas sao as igrejas que desenvolve com seriedade um
programa de cuidado pastoral para os necessitados e portadores de
deficiencia especiais.
Nouwen em seu clássico livro O Filho
Pródigo relata sua trajetória espiritual na figura do filho pródigo que
abandonou o lar, na figura do irmao mais velho que nao aceitou com
alegria a volta do irmao perdido, e a figura do pai que é expressao da
graça e do acolhimento tanto para o irmao mais novo como para o irmao
mais velho.
Mais o que nos chama a atençao na formataçao do
ministério dele é que seus últimos anos ele expressou com amor e carinho
a figura do Pai para com a comunidade dos portadores de deficiencias
especiais.
Nouwen amou aquelas pessoas sem ganhar nada em troca,
como o pai do filho pródigo ele abraçou, celebrou a vida com eles,
celebrou uma festa de amor, sacrificou o boi cevado da inclusao, colocou
nos pés deles a dignidade humana e vestiu eles com as vestes de
alegria, da compreensao, da compaixao, da misericórdia e do afeto.
Para
isso renunciou prestígios academicos e se embrenhou no maior projeto de
sua vida vivendo constantemente o doce paradoxo de abençoar e ser
abençoado de nada ter mais possuir tudo, de ser pobre mais enriquecendo a
muitos de desconhecido mais bem conhecido, de pastor mais sendo ovelha,
de professor mais sendo aluno.
3.2 Camilo de Lelles
No
alvorecer da reforma protestante de Lutero, Zuínglio, Calvino, a Europa
passava por uma reforma teológica hermeneutica iniciada com Martinho
Lutero e em seguida na segunda geraçao pelo teólogo genebrino Joao
Calvino. Longe da Alemanha de Lutero a Itália no século XVI, foi vítima
de terríveis epidemias, doenças que assolavam as pessoas.
Os
hospitais era completamente deficientes e péssimos e a crise econômica
era terrível fazendo sofrer multidoes de pessoas lançando no mundo da
miséria e da dor. Entre os debates teológicos que marcaram essa época,
entre as teses de Sola Scriptura, Sola gratia, sola Deo Gloria, Sola
Chistus etc. entre o Concílio de Trento e os peregrinos do mundo que
vinham para Roma nasceu um homem que longe da discursao teológica e
seguindo uma práxis de compaixao marcou o movimento de assistencia aos
carentes de sua época.
Camilo de Lellis deixou um legado de
cuidado e amor aos doentes, sobretudo a maneira de atende-los. Sua
compaixao e olhar carregado de amor e doaçao pessoal aos doentes sobre
tudo aos doentes pobres, excluído, abandonado acometido de moléstias
contagiosas fez Camilo se dedicar ao máximo numa teologia de amor que
contagiou outros a abraçar a sublime causa como também a reforma dos
hospitais num ato de servir a Cristo através do amor, da compaixao, do
apoio e da cura numa práxis que vai além da fraseologia oca do
clericalismo de sua época criando assim a ordem dos ministros dos
enfermos tendo como forma emblemática a cruz vermelha.
Esses
dois modelos apresentados aqui nos fazem repensar um cuidado pastoral
para os necessitados e portadores de deficiencias especiais. A figura de
Camilo de Lelles no século XVI e a figura de Henry Nouwen no século XX
nos ajudam a criar em nossas igrejas um caminho seguro para uma pastoral
que vai além do clericalismo envolvendo a igreja toda para uma tarefa
de amor integral juntos aqueles que precisam de apoio, carinho e
salvaçao.
4 . Jesus Cristo protótipo seguro para uma pastoral de Cuidado junto aos Necessitados e Portadores de Deficiencia Especiais .
Jesus
Cristo sem dúvida é um exemplo seguro para uma pastoral de cuidado
junto aos necessitados e portadores de deficiencia especial.
Ele no
transcurso de seu ministério se encontrou no palco da vida com muitas
pessoas que viviam essa realidade e esse drama. O contexto na qual Jesus
Cristo estava inserido nos mostra muita dor, sofrimento, religiosidade
oca e acusativa, lampejos de desesperança e sistema político e religioso
desfavorável para os necessitados e portadores de deficiencia.
Nao
havia um programa sério, compreensivo, educativo de inclusao. A maioria
dessas pessoas como é narrado nos evangelhos esmolavam pelas ruas,
praças em busca de ajuda. A lista de milagres efetuados por Jesus ao
longo do seu ministério é por demais grande e ali podemos nao somente
perceber o milagre mais o mundo dramático dos deficientes de
necessidades especiais.
No tanque de betesda registrado no livro
de Joao no capítulo cinco mostra que o único programa que tinha nao era
político, nem religioso mais místicos marcado por sonhos, ilusoes,
competitividade, esperança e descaso social.
Uma coisa
aprendemos com o tanque de Betesda a própria etimologia já aponta para
um reflexao madura para a igreja que é comunidade do amor. Betesda é
casa de misericórdia e isso é significativo aqui em se referindo a uma
pastoral de cuidado aonde Cristo é o modelo.
Cristo em todo o
seu ministério exerceu a misericórdia e a igreja em seu ministério deve
exercer a misericórdia nos moldes cristologicos. Esse olhar
misericordioso deve ser emblemático na igreja que é o corpo de Cristo na
terra.
Em segundo lugar percebemos pela simples leitura do
texto e do seu contexto que o tanque de betesda que ficava junto a porta
das Ovelhas reunia uma multidao de pessoas com as mais diversas
necessidades sendo algumas portadores de deficiencia especiais a Bíblia
diz: Nestes, jazia uma multidao de enfermos, cegos, coxos, paralíticos
(Jo.5.3).
Aprendemos aqui que a igreja como família de Deus deve
ser essa porta aberta que recebe em sua estrutura eclesial os feridos e
abatidos pela vida. Ela deve ser um tanque de Betesda aonde abriga
todas as pessoas sem distinçao, sem preconceito, sem medo de exercer a
misericórdia. A igreja deve repensar sem dúvida um programa claro que
ajude essas pessoas em suas múltiplas necessidades que desemboca nao
somente no campo espiritual, mais social, emocional e educativo.
Em
terceiro lugar percebemos neste movimento na qual Jesus Cristo esta
inserido que ele rumou para lá em dias de festas. Jesus nao ficou
apático diante do problema, ele nao desfocou sua missao de ajudar o
carente. As vezes em virtude de um pragmatismo desfocal a igreja perde a
sua missao de anunciaçao das boas novas.
A correria
contemporânea, o frenesi das agendas lotadas, os currículos eclesial
demais saturado em programaçoes faz a igreja rodopiar em torno dela
mesma esquecendo os 25 milhoes de portadores de deficiencia especiais
que precisam de atençao.
É de suma importância que a igreja de
Cristo em seu tom encarnacional ande pelo mesmo caminho que seu mestre
andou. Esse caminho integral de Cristo junto aos necessitados e
portadores de Deficiencia Especiais deve fazer parte da agenda da igreja
do século XXI.
Por fim percebemos que Jesus Cristo ao visitar o
Tanque de Betesda nos deixa mais um exemplo que devemos como igreja
considerar. Ele olhou para o ferido em seu estado complexo e se moveu
até ele. O texto nos diz: Jesus, Vendo-o deitado e sabendo que estava
assim há muito tempo, perguntou-lhe: Queres ser curado?
Essa deve
ser a pauta da igreja visualizar em meio a sua eclesiologia as pessoas
em seu estado de necessidade e caos social. Jesus também estava
informado da situaçao daquele homem.
Muitos cristaos como dizem
por aí estao no mundo da lua e desconhecem temas que sao importante para
a missao integral da igreja como a fome e a miséria que assolam milhoes
de pessoas, violencia urbana, doméstica, familiar, preconceito em todos
os seus requintes de brutalidade etc. Jesus conhecia o drama e o
histórico daquele homem.
A igreja “ sal e luz” do mundo deve
conhecer as necessidades do mundo ao seu redor e nao deve ficar somente
olhando para o céu, pois entre a assunçao de Jesus e sua volta existe um
mundo real que vivemos.
Vimos que Camilo de Lelles do século
XVI teve esse olhar de misericórdia frente aos doentes de sua época. Ele
se moveu ao encontro deles e os amou em forma de serviço e compaixao.
Seu despojamento e coragem o fizeram viver no signo da ajuda aos
necessitados espalhando amor em cada gesto em cada açao.
Richard
Collier em seu livro biográfico Um General Perto de Deus, mostra o
quanto o fundador do Exército de Salvaçao amou os necessitados, os
feridos, os marginalizados dessa vida.
William Booth que faleceu
no dia 20 de agosto de 1912 aos 83 anos de idade exerceu seu ministério
de cuidado pastoral integral durante 60 anos. Seu olhar de misericórdia
frente as pessoas que precisavam de ajuda marcou toda uma geraçao no
século passado como também hoje. Seu brado em forma de compaixao deve
mexer comigo e com voce frente as necessidades que ora estamos falando.
“Eu lutarei até o fim” disse o velho general Booth se referindo ao seu
ministério de amor e cuidado com as pessoas carentes.
5. Um Cuidado Pastoral a partir da reflexao pedagógica e Teológica Crista num Diálogo de uma Pastoral de Compaixao .
Em
minha entrevista com a pedagoga Ana Paula Costa que é graduada em
pedagogia pela Universidade Estadual de Santa Catarina “Udesc' com
pós-graduaçao na área da Educaçao Especial analisemos juntos de maneira
sintética e em tom de entrevista a participaçao de uma pastoral de
cuidado nas igrejas evangélicas.
De um lado a minha fala
teológica e de outro lado a sua fala pedagógica nossa conversa foi
construindo uma redaçao de cuidado pastoral para os necessitados e
portadores de deficiencia especiais
Ana Paula trabalha na Apae “
Associaçao de pais e amigos do Excepcionais a mais de seis anos na
cidade de Tubarao no estado de Santa Catarina.
Em nossa conversa
e proposiçao ficou claro que a igreja de modo geral nao possui um
programa favorável para os deficientes em todas as suas dimensoes “
auditivo, visual, mental, físico etc.
A pedagoga Ana Paula se
preocupa sendo professora e evangélica que a igreja tem desenvolvido
tantos programas em sua estrutura de trabalho mais tem sido tardia em
estabelecer uma pastoral de cuidado para os necessitados e portadores de
deficiencia especiais.
Sendo profissional na área e vivendo a
vida crista ela percebe a inaptidao dos pastores e de alguns membros em
receber estes deficientes na igreja. Ana Paula mostra como professora
que muitos alunos nao tem uma vida social inclusa por que recebem
rejeiçao na sociedade em virtude de sua deficiencia e de um preconceito
excentrico.
Ela entao repensa em cima dessa verdade
contemporânea que a igreja que foi chamada para ser sal da terra e luz
para o mundo e que é portadora de uma verdade libertadora e é conhecida
como comunidade do amor, do perdao, da justiça, da inclusao e da
reconciliaçao deve trazer essas pessoas rejeitadas para o seu ambiente
para que eles se sintam amados e ajudados e que nao sofram nenhum tipo
de rejeiçao, preconceito, ou deformaçao.
Para a pedagoga a
igreja deve ser este ninho de amor que acolhe, que da carinho, que da
afeto e a cima disso tudo que ela compreenda que Cristo morreu por eles
sendo como diz a Bíblia o Messias de todos. Ana Paula salienta também um
fato que é importante dentro da sua esfera de trabalho que é justamente
o fato social de muitos necessitados e portadores de deficiencia
especiais.
Ela salienta com pesar que além da deficiencia os
familiares enfrentam o gigante da pobreza que é um fator complexo em seu
mundo e no seu dia a dia. Muitos familiares dessa gama de pessoas além
de ter um teto salarial muito irrisório nao tem nenhum grau de instruçao
escolar e com isso acarreta várias coisas como melhoria de seu mundo
vivencial, dificuldade em saber os seu direitos e deveres etc.
Outro
ponto importante que ela ressaltou foi o componente da “angústia” A
angustia da dor é vista no aspecto de mudança social da família e da nao
aceitaçao e do processo longo até chegar a aceitaçao. Esse processo
traz para a sua base a angustia, o medo e a conscientizaçao que o outro
dependerá a vida inteira dos familiares.
Muitos pais nao tem uma
vida social “normal” em virtude da deficiencia do seu filho. Isso é
relevante diz ela ate mesmo em saídas, passeios, férias etc. por que uma
vez que o deficiente é rejeitado com olhares frios, sorrisos escabrosos
de pessoas de fora que passam admirados ou que nutrem em sua
imbecilidade certo tipos de preconceito e espanto como também o
isolamento, toda a família é atingida e isso cria sofrimento.
Muitos
deficientes em tom escolar dizem a pedagoga nao tem uma melhora em
virtude da falta de remédio por causa das condiçoes sociais. Também
outra fator de transtorno se dá também no âmbito familiar aonde os pais
colocam os filhos numa redoma de proteçao inibindo o seu progresso
cognitivo e social alguns em virtude da vergonha outras por causa da
cerca exagerada da proteçao.
Para Ana Paulo isso é um fator
complexo por que a auto proteçao misturada com a falta de informaçao
traz transtorno para o aluno. Como uma proposta justa para a igreja do
caminho ela nos da uma dica para uma pastoral de cuidado que envolve
toda a igreja.
Ela nos indica alguns caminhos para nós trilharmos como alguns caminhos sutis para nos evitarmos. Ela nos aponta alguns
1)
Um caminho que a igreja deve evitar é fazer uma sala de aula só para
essas pessoas especiais. Isso por si só já remete a uma exclusao em tom
cientifico e nao uma inclusao. Essa tentativa deve ser projetada com
muito zelo e cuidado.
2) Ela diz que uma das formas da falta da
consciencia da igreja nessa temática esta no âmbito de seu descaso com
as instituiçoes que trabalham com essa gama de pessoas. Para isso ela
convida os pastores e lideres para conhecerem esse tipo de realidade e
trazer para os seus púlpitos e comunidades uma consciencia missionária
de cuidado pastoral com essas pessoas que andam fora das nossas igrejas
vivendo numa redoma isolatista crista evangélica. Ela diz que as visitas
nessas instituiçoes de cuidados especiais podem ser feitas com um
agendamento prévio.
3) Ana Paula também diz que um dos pontos
que a igreja evangélica pode fazer para trazer esses alunos para o
centro da igreja é compreender que esses alunos possui algum tipo de
habilidade. Esse envolvimento pode ser através da música, pois muitos
tem habilidade para isso e o problema é que eles nao tem oportunidade.
Ela afirma em termos técnicos que existem deficientes leves, moderados e
severos e que a pastoral do cuidado deve a partir disso fazer um
trabalho de contribuiçao e ajuda necessária.
4) A pedagoga
salienta que numa pastoral de cuidado a igreja deve buscar essas pessoas
dando oportunidades e se envolvendo no seu mundo. Para isso a igreja
deve pensar que na sua estrutura eclesiástica tem pessoas que podem
trabalhar com esses deficientes, pois existem vários profissionais que
podem contribuir para á glória de Deus entre uma pastoral de cuidado.
Para
ela aqui está a grande chave para o cuidado de compaixao e seu olhar
multifacetário e essa percepçao de ministério é benéfico para a igreja e
para a sociedade afirma ela.
5) Para ela nao haverá uma
pastoral de cuidado sadio se os alunos nao se sentirem amados e cuidados
e isso se dá na oportunidade em todos os seus anglos dimensionais. Ela
louva algumas açoes já feita nas igrejas evangélicas mais também faz uma
crítica no sentido que nao é somente fazer uma rampa de acesso ao
templo, nem ter um culto para surdos ou disponibilizar Bíblias em
braile, rampas, professores, e braile podem ser encontrados em shopping,
hospitais, repartiçao pública etc porém para ela o cuidado pastoral vai
além disso e desemboca no cuidado, na oportunidade, no envolvimento
familiar e na conscientizaçao que ali esta um ser-humano que tem
coraçao, que precisa de Jesus Cristo como salvador, que tem as mesmas
necessidades como qualquer pessoa principalmente no campo dos afetos e
da relaçao sadia e da oportunizaçao.
6) A grande sugestao social
e emocional como espiritual que Ana Paula sugere é que as igrejas
convidem essas pessoas para realizar uma oficina aonde eles irao
demonstrar os seus trabalhos artesanais. Isso diz a pedagoga é uma forma
de amor para com eles e também envolvimento para com a comunidade pois a
igreja pode convidar seus membros como a vizinhança para prestigiar o
seu trabalho e aprender com eles a arte da vida. Isso é uma forma de
inclusao demonstrada através da arte em “Oficinas de Talentos”.
7)
Ana Paula acredita que essa pastoral de cuidado vai alcançar também a
família deles, pois a família desses alunos é muito aberta para receber
amor, orientaçao e consolo. Ana Paula diz que a partir disso pode ser
feito uma reflexao inicial nas aberturas das Oficinas de Talentos”,
mostrando para eles que seus dons e habilidades vem das maos de Deus e
mostrar na linguagem deles o plano soteriológico ‘ salvaçao”
8)
Outra forma de cuidado pastoral salienta Ana Paula é fazer um trabalho
com a família dos necessitados e portadores de deficiencia especiais
pois muitas famílias culpam Deus de seus filhos nascerem assim.
Por
fim Ana Paula relembra que muitas famílias sao pobres e nao tem
condiçoes de comprar remédio etc. A igreja diz ela nao pode deixar a
responsabilidade deste fato somente nos órgaos competentes mais ela deve
se envolver em todas as esfera e abrir sua voz em prol dessas pessoas
que sao amadas por Deus e criada a sua imagem e semelhança.
Ela
deve abrir nao somente a porta do templo mais do coraçao para essas
pessoas e suas famílias. Pois essa açao social e ajuda emocional –
espiritual por parte da igreja é a espinha dorsal para o cuidado
pastoral.
A igreja deve romper barreiras e quebrar paradigmas e
se apresentar como ombro amigo para os necessitados e portadores de
deficiencia especial só assim ela irá cumprir o “ide e pregai para toda a
criatura” de Jesus Cristo fazendo missoes aonde muitos nao imaginam que
podem fazer. Nao somente atravessando o oceano mais atravessando a
porta das instituiçoes, as portas das famílias e levando o Reino de Deus
para eles em meio ao drama da vida.
Temos construído até aqui
uma narrativa nao pontual mais reflexiva que pode através dos exemplos,
índices, dados e um olhar bíblico nos arremeter a ter um caminho que nos
leva a um cuidado pastoral para com os necessitados e portadores de
Deficiencia Especiais.
Essa proposta nao é um receituário
hermético mais uma reflexao de duas vias completamente aberta ao
diálogo. Acreditamos em tom integral que cada igreja conhece a sua
realidade, o seu mundo, a sua estrutura eclesiológica.
Também
acreditamos que o caminho sadio de uma proposta ou de um programa de
cuidado especial é olharmos com o óculos da Bíblia e tirar dali o néctar
do cuidado pastoral integral.
Essa visao bíblica passa também
pelo caminho da vida e da percepçao do nosso mundo e suas necessidades.
Nao existe um pensar teológico se nao consideramos um pensar
hermenéutico tanto bíblico como contextual “ sitz in leben”, como também
nao existe uma agenda pastoral de cuidado se olharmos somente para
dentro “ igreja” e nao para fora “ mundo dos homens”, pois o sal de fato
deve ficar no saleiro e também fora do saleiro.
Vimos na pessoa
de Henri Nouwen um caminho de despojamento e paixao. Ele se demitiu de
Haward conceituada universidade mundial para se embrenhar no cuidado
pastoral dos deficientes tendo seu ponto alto em Adam que o inspirou no
caminho da espiritualidade integral.
A igreja de Cristo deve em
sua plataforma extipar do seu centro aquilo que nao glorifica a Deus
como um pragmatismo excentrico, fama, va glória, modismos que fazem a
igreja enfermar eclipsar a sua missao.
Existem milhoes de
pessoas esperando que a igreja de Cristo descruze os seus braços e
abrace os náufragos dessa vida, os feridos, os abatidos, os excluídos e
os necessitados e portadores de deficiencia especiais.
Que o nome de
Deus possa ser glorificado através do ministério teológico e prático da
igreja que é a reconciliaçao em tempo oportuno do homem com Deus no
entroncamento da missao integral iniciada por Deus Pai, Deus Filho e
Deus Espírito Santo.
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Estudo realizado pelo
Pastor Carlos A. Lopes
Teólogo
Extraído do blog: suzyscosta.blogspot.com