quinta-feira, 31 de março de 2016

31 De Março De 2016


Já deu pra sentir qual a trama
Quando eu nasci já tinha calor (...)
Quando eu nasci tinha, sim senhor,
Águia, paturi, camelo, condor
E as águas do Amazonas, os ratos, as rãs, ratazanas
Quando eu nasci já tinha terror 
 
(Itamar Assumpção, "Já deu pra Sentir", 1980)

Hoje é dia de ter memória, de ter esperança e medo, prudência e coragem, de resistirmos aos usurpadores de sempre e ao poder avassalador das picuinhas

Por Alceu Luís Castilho (@alceucastilho)

Hoje é dia de ter memória. De lembrar que essa democracia (esse arquipélago de democracia) foi conquistada de forma dramática, entre heróis e cadáveres. De recordar que usurpadores cobram caro. Que o que vem aí não é uma revolução, mas uma reação de nossas elites a uma terrível ameaça: a de que ela não seja a protagonista. De lembrar que tudo pode ser pior. Que não temos as barbas do Estadão e a cafonice da Fiesp. Que não precisamos de um pajem, de um Paulo Skaf, de uma paulocracia.

Hoje é dia de esperança. Não de uma esperança absoluta, maiúscula, rumo a uma sociedade igualitária, justa, mas ao menos uma esperança de que não haja retrocesso. De que sigamos aos trancos, sem cair no barranco do casuísmo. Nas ruas, brasileiros que não aceitam entregar este país ao PMDB, sem votos, em nome de um pato. Em nome do governo, do PT? Muitos de nós, não. Em nome de muito mais que isso: da rejeição das subtrações. Do princípio de que não podem sequestrar nossa soma.




brizola

Hoje é dia de medo. Medo de que a escolha da Praça da Sé não tenha sido a melhor possível, como o palco de manifestação em nossa capital econômica. Dia de cautela em relação a sabotadores, pois o entorno da praça é um convite para ações pontuais de milicianos e fardados. É dia de temer, sim, armadilhas. Pois os fascistas se empoderaram em poucas semanas, organizaram-se. E têm um combustível incrível a seu favor: o ódio. Manipulações grosseiras, o apoio explícito da imprensa – e o ódio.

Hoje é dia de ter prudência e de se ter coragem. Originalmente, aliás, a palavra prudência não tinha nenhuma conotação oposta à coragem. Muito pelo contrário. Era uma virtude intelectual (Aristóteles), tão nobre quanto a sabedoria (Heráclito). Significava a disposição de decidir o que é bom ou ruim. Não apenas precaução diante dos perigos, como é vista hoje, mas, como definiu Santo Agostinho, “o amor que separa com sagacidade aquilo que é útil do que é prejudicial”. E não temer. Não Temer.

Hoje é dia de sentir. De sentir a nossa trama. Quando nascemos, dizia Itamar Assumpção, já tinha ratos, rãs e ratazanas. E já tinha o terror. Nada menos que o terror. Hoje é dia de discernir, portanto.

De decidir se queremos abraçar picuinhas, causas menores ou intermediárias, ou algo maior – mesmo que seja dolorido, mesmo que tenhamos de lutar contra o rancor. Não por ninguém poderoso, por qualquer um que também tenha nos esquecido. Mas por nós, exatamente por nós. Por outra trama.


 http://outraspalavras.net/alceucastilho/2016/03/31/31-de-marco-de-2016/#more-2781

Extraído do blog: www.suzyscosta.blogspot.com

Artistas e Intelectuais Dizem Não Ao Retrocesso Político !


"A classe artística mais uma vez se levanta para cumprir seu papel de vanguarda na defesa da democracia, da liberdade. Lembremos-nos de Leonel Brizola, pela sua campanha da legalidade", diz a sambista Beth Carvalho


Jornal GGN - "Eu tenho que admitir que eu sou oposição ao seu governo, presidente Dilma. Eu tenho um contentamento em poder dizer que estou em um estado democrático, de preservar as liberdades, o inconsciente coletivo do nosso povo. Esse ódio, essa sombra, de irmão contra o irmão, um plano maquiavélico criado por pessoas que viram mexer muito pouco. Isso é muito assustador. O motivo do impeachment não é por um erro, mas é pelos acertos do governo, e isso dói demais", disse a atriz Letícia Sabatella à Dilma Rousseff, em ato de artistas, intelectuais e cientistas, no Palácio do Planalto.

A atriz foi a terceira a discursar durante a entrega de 12 manifestos em favor da democracia e contra o golpe. Diante da presidente Dilma, Letícia afirmou que não concorda com o governo atual, mas defendeu a necessidade de preservar a legitimidade e os direitos conquistados pelas minorias.

"Como cidadã, não sou petista, tenho frustrações com o que esperava, sobre o empoderamento dos mais pobres. Mas confesso que estou entendendo como é a dificuldade, acompanhando esse Congresso, como é difícil. Conheci o Congresso, o Senado, e sei  o quanto há de boicote contra a transformação social do Brasil", disse, sob aplausos.

Apesar de se autodeclarar oposição, a atriz afirmou que "é inegável reconhecer" os avanços garantidos pelo ex-presidente Lula e pela presidente Dilma com as minorias. "Eu não tenho como não reconhecer essa ascensão social de uma grande maioria da população. Nada se fazia, era estagnada a essa condição. Vejo que há vontade política para isso. Mas uma vez conquistado, dado um passo, temos que ir adiante. A gente tem que andar para frente, não para trás. Por isso que eu estou aqui", completou.

Também destacou os avanços sociais da gestão petista a cineasta Anna Muylaert, diretora do filme "Que Horas Ela Volta". Em sua fala, Anna fez referência à personagem Jéssica do longa, uma jovem filha de emprega doméstica que conseguiu entrar na Universidade.
"Estou aqui hoje por amor para dizer que eu passei o ano inteiro, abraçando homens e mulheres me dizendo: 'eu sou Jessica, eu sou Jessica'. Mas eu não criei a Jessica, o trabalho que foi feito pelo governo Dilma e o governo anterior, de Lula, é estrondoso. A Europa sabe, reconhece, e aqui talvez precise de alguns anos para que reconheçam o que estamos vivendo hoje de avanços", disse a cineasta.

"Ainda haverá um dia em que subirá aqui a presidente da República que será uma Jéssica, e o seu coração estará cheio de gratidão", afirmou a diretora, emocionada, entregando o manifesto à Dilma.

"Senhora presidenta", disse o médico Miguel Nicolelis, por meio de um vídeo transmitido à plateia, dirigindo-se à Dilma: "Resista. Resista. Porque a senhora não está sozinha".




E seguiu com a convocação: "Resista, senhora, não só pela senhora, não só pelo seu mandato, mas por todos esses brasileiros, pelo princípio de que no Brasil golpes são coisas do passado e jamais serão aceitos no presente e no futuro, porque temos a responsabilidade com nossos filhos, netos e gerações, de manter essa democracia, ampliá-la e lutarmos com todas as nossas forças".

O escritor Raduan Nassar também esteve presente, anunciando que não é filiado a partido político, mas defendendo a legalidade da Presidência. "A presidente Dilma Rousseff não cometeu crime de responsabilidade. Os que insistem no seu afastamento atropelam a legalidade, subvertendo o estado democrático de direito. Os que tentam promover a saída de Dilma arrogam-se hoje sem qualquer pudor contra detentores da ética, mas serão execrados, amanhã, não tenho duvida", alertou.

"Lhe desejo, do fundo do coração, toda a energia, e forças necessárias para aguentar o trampo. Você é que está com a sua coragem segurando o barco. Por mais essa eu não esperava. Mas espero ganhar mais essa batalha", disse, em tom informal a economista Maria da Conceição Tavares, também em vídeo transmitido.



Na sequência de representantes do meio artístico, participou do ato de defesa da democracia ainda o ato norte-americano Danny Glover. "Eu gostaria de enviar uma mensagem de amizade pela sua democracia [brasileira], daqueles que a querem ver crescer, e não minar", disse, dirigindo-se à presidente: "A sua luta também é luta em todo o mundo, por democracia".


O rapper Flávio Renegado discursou em nome de comunidades e periferias: "Nas favelas a gente ainda vive esse processo, porque a PM intervém duramente contra quem vive nas comunidades. É inaceitável ainda termos Amarildos sendo assassinados, Claudias sendo arrastadas, as Jessicas incomodam. Presidente mulher incomoda. Negro com voz incomoda. E vamos continuar a incomodar. E vamos fazer com que esse papel seja cumprido. A gente está hoje defendendo a voz das comunidades, do povo do gueto. Aqui é o Brasil de verdade falando, e o Brasil precisa conhecer o Brasil de verdade".

Em vídeo enviado, Tico Santa Cruz defendeu a garantia do respeito aos 54 milhões de votos. "Saúdo todos os guerreiros presentes, não somos poucos e vamos lutar ate o final", afirmou. Confira:


Já a sambista Beth Carvalho lembrou quando conheceu o ex-presidente Lula, ainda sindicalista e que, desde então, já nos anos 60, 70 e 80, muitos artistas do samba levaram a música aos mais diversos cantos do país como conscientização política.

"A classe artística mais uma vez se levanta para cumprir seu papel de vanguarda na defesa da democracia, da liberdade. Lembremos-nos de Leonel Brizola, pela sua campanha da legalidade. A classe artística se levanta na defesa das liberdades individuais, da Constituição brasileira e principalmente na defesa do amor, é o amor que faz o artista subir no palco, e levar a sua música.


O contrário do amor é ignorarem 40 milhões de pessoas que saíram da miséria. Falta de amor é o que faz o indivíduo atacar outro como ele só pela cor de sua camisa. O amor é o que faz com que a Dilma se levante todos os dias de cabeça erguida por um Brasil mais justo. Só podia ser uma guerrilheira, vai ter luta!", disse a sambista, arrancando aplausos.

Em seguida, um dos mais conceituados diretores de teatro do país, Aderbal Freire Filho fez um duro discurso, usando metáforas do vocabulário do teatro para explicar a política atual.

"Nesse momento tem sido muito usado um gênero teatral, a farsa. Eu li nessa semana um editorial de jornal que chamava de farsa quando os intelectuais, artistas, cidadãos diziam que o que esta em curso é um golpe. Farsa é exatamente o contrario. Farsa é quando personagens ridículos, fanfarrões, enterrados até o pescoço em corrupção, herdeiros de uma tradição antiga de conveniência, de escândalos nunca apurados, quando eles são usados, quando a imprensa usa esses personagens para escrever a farsa do impeachment", disse.

"Exemplo recente é querer justificar a tentativa de provar que não é golpe porque os ministros do Supremo dizem que impeachment não é golpe. Não somos marionetes, temos voz! O que nós estamos dizendo é que sem crime, e para atender a interesses escusos, é golpe", completou, voltando-se aos grandes meios de comunicação: "Essa imprensa muda de nomes. Agora chama de impeachment, já chamou de revolução. Foi golpe e é golpe".

Também nessa linha foi o vídeo enviado pelo professor sociólogo Leonardo Abritzer: "Essa é uma conjuntura de ódio, com aplauso de boa parte dos meios de comunicação".

Dilma: Somos um projeto político, ainda incompleto e inconcluso

Em resposta, a presidente Dilma Rousseff agradeceu todos os manifestos e manifestações dos representantes da classe artística, pesquisadores e intelectuais. E recordou o que foi o dia 31 de março: "Há 54 anos, nesse exato dia, um golpe militar deu início a uma fase da nossa história, ao arbítrio a direitos humanos, a direitos individuais. Nos dedicamos a uma luta que abrangeu um período longo da nossa história recente. Sofremos as consequências, muitos foram presos, outros torturados, outros obrigados a deixar nosso pais, outros morreram".

Dilma se lembrou de seus dias enquanto presa e torturada pela ditadura do regime militar brasileiro. "Nós aprendemos o valor da democracia. Nós aprendemos da pior forma possível, que é de dentro de um presídio, vendo as pessoas sofrerem, tentarem resistir à imensa força da tortura, tentando fazer com que a pessoa traísse o que ela acredita. Não é simplesmente a dor, é a quebra da integridade humana", contou.



"Aí nós chegamos ao governo. Nós somos um projeto político. Esse projeto não é de um partido apenas, é de um conjunto de pessoas de variadas origens. Nós tínhamos um foco, e esse foco estava sintetizado em duas coisas: desenvolver o Brasil e fazer a inclusão social", afirmou, completando que "o fim da miséria era só um começo" e que, a partir de então, entrariam "as Jessicas que mudariam radicalmente a questão da desigualdade, que é o acesso à educação de qualidade de milhões e milhões de brasileiros".

Dilma admitiu que ainda temos muitos problemas sociais. "Que esse processo é incompleto e inconcluso, eu não tenho a menor dúvida", afirmou. A presidente lembrou que milhares de brasileiros ainda não tem acesso a uma qualidade de educação, que seria o passo obrigatório para a "garantia da irreversibilidade da inclusão social".

Em seguida, explicou didaticamente o que é impeachment. Defendeu que não podemos "ter medo da palavra impeachment", que está prevista na nossa Constituição.

"No presidencialismo da Constituição, se eu não me engano nos artigos 85 e 86, está previsto impeachment em caso de crime de responsabilidade. O que a Constituição não autoriza é impeachment porque alguém não quer, ou porque interessa a setores que querem se beneficiar dele", disse.

Afirmou que se sofrer o impeachment, todos os outros governos também deveriam sofrer, por também praticarem as chamadas "pedaladas fiscais": "Que abrangem três coisas: o pagamento do Bolsa Família, o pagamento do Minha Casa, Minha Vida e lutamos contra a redução do crescimento econômico para o setor industrial do pais gerar emprego", afirmou.

"Todos os governos, sem exceção praticaram atos iguais ao que eu pratiquei. E sempre, sempre, com respaldo legal", disse. "Se chamaram no passado revolução de golpe, hoje estão tentando dar um colorido democrático a um golpe que não tem base. Alem disso, se perguntarem se é crime de responsabilidade qualquer processo nas contas, qualquer jurista dirá: não é crime", defendeu.

"O Brasil não pode ser cindido em duas partes. É o que estão propondo. Um golpe tem esse poder. Não é correto que as pessoas sejam estigmatizadas. Nem de um lado, nem de outro. Nós temos de lutar para superar esse momento e criar na nossa sociedade um clima de união. E não adianta alguns falarem 'vamos unir o pais'. Não se une destilando ódio, rancor e perseguição. O que nos une é a democracia e não se negocia aspectos dela", concluiu a presidente Dilma Rousseff.

Fotografias: Agência Brasil / Vídeos: Planalto

http://jornalggn.com.br/noticia/artistas-e-intelectuais-dizem-nao-ao-retrocesso-politico
Extraído do blog: www.suzyscosta.blogspot.com

Pastores - Teólogos

 


Cristo tenciona que suas igrejas sejam guiadas por homens que preenchem certas qualidades. Em suas cartas a Timóteo e Tito, o apóstolo Paulo escreveu com muita clareza a respeito do que os presbíteros de uma igreja devem ser. A principal preocupação é o caráter. Eles devem ser homens cujas vidas são exemplo de santidade.

Além disso, os homens que devem pastorear o rebanho de Deus têm de ser doutrinariamente corretos.

Precisam crer sinceramente na verdade e ser capazes de ensiná-la com clareza. Paulo estabeleceu esse fato em Tito 1.9, depois de ressaltar as qualificações morais que todo presbítero tem de possuir. Um presbítero, ele escreveu, deve ser "apegado à palavra fiel, que é segundo a doutrina, de modo que tenha poder tanto para exortar pelo reto ensino como para convencer os que o contradizem".

As igrejas devem ser assistidas pelo ministério de pastores que são teólogos. Essa idéia parece bastante estranha em nossos dias porque nos últimos cem anos testemunhamos uma separação desses ofícios. Pastores estavam ligados às igrejas, enquanto os teólogos, fomos levados a crer, estavam vinculados a universidades e seminários.

No entanto, a instrução de Paulo a Tito nos força a admitir que todo pastor é chamado a ser um teólogo. A verdade que Deus revelou em sua Palavra tem de ser explorada, entendida, crida, ensinada e defendida. Isso descreve a obra de um teólogo, e o ministério pastoral não pode ser realizado eficazmente por um homem que não se engaja nesse tipo de esforço.

As igrejas devem ser governadas pela Palavra de Deus. Os homens que têm a responsabilidade de liderar uma igreja não têm outra alternativa, senão a de serem bem alicerçados nas Escrituras.

Um pastor deve ser firme em sua compreensão da Palavra, "que é segundo a doutrina". Paulo estava se referindo ao que, naquele tempo, havia se tornado um corpo reconhecido de ensino doutrinário.

Antes de um homem ser qualificado para servir na função de pastor em uma igreja, ele deve "apegar-se" às doutrinas da Palavra de Deus; ou seja, ele tem de compreender essas doutrinas e crer nelas. Nem o pensamento superficial, nem um compromisso indiferente com os ensinos das

Escrituras será suficiente para o homem que deseja ser um pastor na igreja de Jesus Cristo. Isso significa que os pastores devem ser homens que se dedicam com diligência ao estudo e cultivam constantemente fé humilde.

Paulo menciona duas razões por que um pastor tem de ser um teólogo diligente. A primeira diz respeito à sua responsabilidade de nutrir e cuidar do rebanho ao qual ele serve. Pastores têm de alimentar as ovelhas, e a única dieta que Deus prescreveu para seu povo é a sua Palavra (Hb 5.12-14; 1 Pe 2.2). Um presbítero de igreja deve ser "apto para ensinar" (1 Tm 3.2), pois é por meio do ministério da Palavra que os crentes são alimentados. Como David Wells sugere corretamente, um pastor é um agente da verdade, cuja responsabilidade primária é estudar, proclamar e aplicar a Palavra de Deus, para que o "caráter moral seja formado e a sabedoria cristã se manifeste" no povo de Deus. Essa é a primeira razão por que um pastor tem de ser um teólogo – para que possa instruir na "sã doutrina".

Mas um pastor não tem apenas de ensinar os filhos de Deus. Ele precisa também defendê-los. Ele tem de afirmar a verdade e refutar o erro. E ambas as tarefas exigem discernimento resultante de estudo cuidadoso. A igreja de Cristo sempre esteve impregnada de pessoas que "contradizem" a sã doutrina. A tarefa dos pastores consiste de repreender essas pessoas, de modo que o erro delas não se espalhe, como um câncer,  na igreja (2 Tm 2.15-18).

O pastor tem de ser "bem instruído", escreveu Calvino, "no conhecimento da sã doutrina; a segunda é que tenha inabalável firmeza de coragem... e a terceira é que ele faça a sua maneira de ensinar tender à edificação".

Os maiores teólogos na história da igreja foram pastores fiéis. E os maiores pastores na história da igreja foram teólogos dedicados. É óbvio que os nomes em ambas as listas (com raras exceções) são
os mesmos.

Agostinho, Lutero, Calvino, Gill, Edwards, Fuller, Spurgeon e Lloyd-Jones eram pastores-teólogos. Eram homens que levavam bem a sério as qualificações apostólicas quanto a um presbítero e, no cumprimento de sua chamada para pastorear o rebanho de Deus, dedicaram-se fielmente à obra de teologia.

J. I. Packer observou sabiamente: "Para ser um bom expositor... um homem tem de ser, primeiramente, um bom teólogo. Teologia é aquilo que Deus colocou nos textos da Escritura, e teologia é aquilo que os pregadores devem extrair desses textos".
Se anelamos ver renovada vitalidade espiritual enchendo as nossas igrejas, temos de insistir com aqueles que servem como pastores para que reconheçam estar inerente em sua vocação a responsabilidade de serem teólogos sãos. Somente assim o povo de Deus será instruído apropriadamente no caminho de Cristo e protegido, com eficácia, de erros e heresias que corroem a saúde espiritual.

Traduzido por: Francisco Wellington


O leitor tem permissão para divulgar e distribuir esse texto, desde que não altere seu formato, conteúdo e / ou tradução e que informe os créditos tanto de autoria, como de tradução e copyright. Em caso de dúvidas, faça contato com a Editora Fiel.
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Thomas K. Ascol
Autor Thomas K. Ascol

Thomas K. Ascol é pastor da Grace Baptist Church em Cape Coral, na Flórida, EUA. Obteve seus graus de mestrado (M.Div) e doutorado (P.hD) pelo...

quarta-feira, 30 de março de 2016

Mídia internacional denuncia golpe e manipulação midiática


  Glenn Greenwald, jornalista escolhido por Edward Snowden para revelar ao mundo a espionagem do governo americano, publicou uma fortíssima denúncia contra a tentativa de golpe em curso no Brasil.

 

THE INTERCEPT (Estados Unidos): Brazil Is Engulfed by Ruling Class Corruption and a Dangerous Subversion of Democracy 

 

Entrevista de Gleen Greenwald para o Democracy Now



 

PUBLICO (Portugal): A justiça partidária e o limiar do golpe no Brasil – Publico – Portugal

 

DER SPIEGEL (Alemanha): Golpe frio no Brasil

 

THE ECONOMIST (Inglaterra):  Juiz Moro pode ter ido longe demais 

 

AL JAZEERA (Emirados Arábes): The Listening Post (Full) – Dilma Rousseff’s Watergate

 

EL PAÍS (Espanha): O Brasil perante o abismo

 

THE HUFFINGTON POST (Estados Unidos): Os deslizes do juiz Sérgio Moro

 

CEPAL: CEPAL manifesta preocupação diante de ameaças à democracia brasileira

 

ONU: Escritório de Direitos Humanos da ONU afirma preocupação com contexto político brasileiro

 

THE WIRE (India): A Coup is in the Air: The Plot to Unsettle Rousseff, Lula and Brazil

 

LE FIGARO (França):  Brésil : indignation après la publication d’une écoute téléphonique entre Rousseff et Lula

 

BBC NEWS (Estados Unidos): Brazil crisis: There may be bigger threats than Rousseff’s removal

 

LOS ANGELES TIMES (Estados Unidos): The politicians voting to impeach Brazil’s president are accused of more corruption than she is

 

THE WASHINGTON POST (Estados Unidos): How the release of wiretapped conversations in Brazil threatens its democracy

 

Manifesto de intelectuais estrangeiros: BRAZILIAN DEMOCRACY IS SERIOUSLY THREATENED

 

 http://erminiamaricato.net/2016/03/29/midia-internacional-denuncia-golpe-e-manipulacao-midiatica/

 

Extraído do blog: www.suzyscosta.blogspot.com

Fernando Morais Explica Por Que o Golpe é Golpe



247 - O escritor Fernando Morais publicou em seu Facebook postagem na qual reafirma que a tentativa de impedimento da presidente Dilma Rousseff é golpe.
"O processo de impeachment em curso é, sim, um golpe de estado, pela singela razão de que Dilma Rousseff não cometeu crime de responsabilidade", afirma.

Abaixo a publicação:

a respeito do post com a entrevista que dei para o uol, acho bom deixar algumas coisas claras.

1 – não deleguei a ninguém o direito de escolher meus amigos.


2 – não tenho dificuldades para me relacionar com pessoas que não pensam como eu; tenho amigos em todos os espectros ideológicos.

3 – sou filiado ao pmdb desde 1974, quando ele ainda era mdb, mas desde 2002 não tenho vida partidária. não sigo orientações do partido e sequer sei onde fica sua sede em são paulo.

4 – nas eleições dos últimos anos tenho pedido votos aqui no foicebook para candidatos do pt, do pc do b, do psol... e do pmdb. nas eleições de 2014, por exemplo, gravei vídeos de apoio à candidatura do senador roberto requião, do pmdb, a governador do paraná.

5 – desde 1978, quando me elegi deputado pela primeira vez, mantenho com o vice-presidente michel temer relações reciprocamente respeitosas.


6 – não concordo em que temer seja “o chefe” do golpe. antes dele estão setores do ministério público, do judiciário e da polícia federal e a ampla maioria dos grande meios de comunicação.

7 – por último, mas não por menos importante: o processo de impeachment em curso é, sim, um golpe de estado, pela singela razão de que dilma rousseff não cometeu crime de responsabilidade.

 http://www.brasil247.com/pt/247/brasil/223130/Fernando-Morais-explica-por-que-o-golpe-%C3%A9-golpe.htm


terça-feira, 29 de março de 2016

"Assistimos a Um Golpe No Brasil Em Transmissão Direta", Diz Escritor e Ex-Deputado Português

    29 de março de 2016

Vinho oferecido em Lisboa aos participantes do seminário de Gilmar Mendes
Vinho oferecido em Lisboa aos participantes do seminário de Gilmar Mendes

Do português Francisco Louçã, economista, ex-deputado, professor de economia na Universidade de Lisboa e escritor, no jornal Público


Assistimos no Brasil a um golpe de Estado em transmissão directa, por vezes em câmara lenta, outras em aceleração frenética. É assim que se procede no século XXI: em vez de tanques nas ruas, tudo começa com um juiz que quer derrubar um governo, declarando guerra ao princípio da soberania democrática. É golpe curto, bem sei, prender para eliminar politicamente e depois deixar as coisas seguirem o seu destino.

Para este propósito monumental, vem o juiz. O juiz é um poder, e neste caso é certamente um poder especial, pois ignora a proclamada separação de poderes e actua fora da lei, mas é um poder que pode tudo, pois não será corrigido em tempo útil, se é que alguma vez o será. O mal está feito, a desconfiança semeada, o pânico nas ruas, só não sabemos como vai prosseguir a saga.

Começou com a primeira detenção de Lula que era ilegal, e era mesmo. Depois, a escuta será ilegal, e é, a sua divulgação um crime, e é, a escuta abrangia todos os advogados de um escritório, e isso é delirantemente ilegal, o juiz é suspeito de intuito partidário, e não o esconde, a própria perseguição e o pedido de prisão preventiva não têm fundamento legal, e não têm mesmo, mas o juiz é um poder inexpugnável e por isso pode desencadear uma tempestade. Segundo Marco Aurélio Mello, Juiz do Supremo Tribunal Federal, referindo-se a Sérgio Moro, o magistrado que desencadeou as primeiras salvas do golpe, “ele simplesmente deixou de lado a Lei”.

Precipitado pelos magistrados golpistas, a manobra decide-se por estes dias no balanceamento dos movimentos da opinião pública, na ocupação da rua, nos ajustes de contas partidários e sobretudo na corrida contra o tempo. O que é certo é que nunca tínhamos visto um golpe de Estado assim: no Brasil, em 1964, no Chile, em 1973, na Argentina, em 1976, foi com baionetas que a ditadura avançou e não com sentenças ou acusações judiciais. Este novo tipo de golpe é mais eficaz, mobiliza a dúvida e espalha os ódios, disputa a aceitação e mesmo a participação de parte da população, ocupa o terreno do simbólico, que é a sede da política.

Esta técnica de golpe de Estado neutraliza a argumentação e assim exclui a razão, porque se baseia na hegemonia afirmada de um poder supremo e imune à democracia. O César é o juiz, que se apresenta como um pai moralizador ou como o braço da vingança divina. Ele é o poder que pode tudo e por isso dispensa uma ditadura, se o choque e pavor tiverem como consequência a destruição eleitoral dos seus adversários, e neste caso a decapitação política de Lula, o mais temido candidato a re-presidente. O golpe tem este objectivo preciso: prender Lula, seja com que pretexto for.

O golpe está por ora a vencer, mas veremos o que decide o Supremo Tribunal, que o pode parar por agora. Só depois virá o processo de demissão de Dilma, conduzido por uma comissão parlamentar em que mais de metade dos deputados está a contas com a justiça, e esse será o segundo acto da farsa.

Todos estamos a adivinhar o desfecho.

Vladimir Safatle, , citado por Alexandra Lucas Coelho aqui no PÚBLICO, escreve a sua indignação na “Folha de S. Paulo”: “Não quero viver em um país que permite a um juiz se sentir autorizado a desrespeitar os direitos elementares de seus cidadãos por ter sido incitado por um circo midiático composto de revistas e jornais que apoiaram, até o fim, ditaduras, e por canais de televisão que pagaram salários fictícios para ex-amantes de presidentes da República a fim de protegê-los de escândalos. O Ministério Público ganhou independência em relação ao poder executivo e legislativo, mas parece que ganhou também uma dependência viciosa em relação aos humores peculiares e à moralidade seletiva de setores hegemônicos da imprensa. Passam-se os dias e fica cada dia mais claro que a comoção criada pela Lava Jato tem como alvo único o governo federal. Por isso, é muito provável que, derrubado o governo e posto Lula na cadeia, a Lava Jato sumirá paulatinamente do noticiário, a imprensa será só sorrisos para os dias vindouros, o dólar cairá, a bolsa subirá e voltarão ao comando os mesmos corruptos de sempre, já que eles foram poupados de maneira sistemática durante toda a fase quente da operação. O que poderia ter sido a exposição de como a democracia brasileira só funcionou até agora sob corrupção, precisando ser radicalmente mudada, terá sido apenas uma farsa grotesca.”

Esta farsa grotesca, este golpe, havemos de convir que foi preparado ao longo de muito tempo. Havia esse ódio de classe contra Lula, um torneiro mecânico feito grande do país, havia o medo social das elites urbanas contra a massa popular em cidades de quinze milhões de habitantes, havia a raiva de latifundiários contra os sem-terra, havia as listas de sindicalistas a assassinar, tudo se foi conjugando para estes dias de chumbo.

Mas, ainda assim, mesmo com tanto ódio, nada fazia prever a cavalgada dos juízes e dos seus partidários. De facto, Lula governou sem beliscar os interesses dos que temem pela propriedade e pelo estatuto, o seu partido foi-se habituando aos salões e cultivando a intriga. Nem a terra foi distribuída nem a indústria e a finança foram ameaçadas ou entregues ao povo, que recebeu uns reais para que a pobreza ficasse menos pobre, umas escolas e universidades para os seus filhos e muita paciência para todos porque o Brasil ainda há-de ser um imenso Portugal. O pouco que mudou, mudou alguma coisa para muita gente dos de baixo mas nada para os de cima. E o Brasil viveu tranquilamente o encabulamento da Copa do Mundo e depois voltou à sua vida de todos os dias.
Nada fazia prever o golpe, portanto.

Dilma remou na mesma maré. Inaugurou o segundo mandato cedendo tudo à direita, nomeando para postos chaves do governo o homem que seria o ministro das finanças do seu adversário e uma representante de terratenentes para a agricultura. Porque deu tudo aos adversários, o golpe parecia coisa de ficção ou de jogo de computador.

Até que chegou o Caso Petrobrás, ou Lavajato. E ele tocou no ponto frágil de toda esta construção, os partidos, tanto do governo como da oposição. O principal partido de direita que faz parte do acordo governista, o PMDB, distinguiu-se entre os que, com o presidente do Parlamento Federal, Eduardo Cunha, correm contra o tempo da acusação judicial e da prisão, depois de as suas contas no estrangeiro serem identificadas e ser exibida a mão que lhe pagou. Outra parte do PMDB, com o vice-presidente Temer, perfila-o como sucessor de Dilma se conseguir a sua impugnação. No PSDB, o principal partido de oposição, luta-se entre os que querem demitir Dilma agora (com alguma acusação derivada do Lavajato), para provocar uma eleição a curto prazo, ou os que querem demiti-la depois (com o processo rocambolesco sobre o financiamento da campanha eleitoral), conforme as conveniências de cada um, seja Serra, Alckmin ou Aécio Neves, colegas e inimigos. Todos correm contra o tempo e isso cria uma irracionalidade colectiva: os chefes partidários, apanhados na teia da corrupção e irmanados na desgraça, escolheram todos o quanto pior melhor. Quanto mais depressa incendiarem o Brasil, mais depressa esperam sentir-se aliviados da pressão sobre cada um deles.

É preciso reconhecer que o PT alimentou esta monstruosidade. Os seus dirigentes acreditaram que a composição da aliança governista criaria uma distribuição de benesses e um espírito situacionista que cimentaria esta multidão de partidos e de interesses graúdos. Chegou-se ao ponto, quanto as primeiras frestas estalaram, de agenciar a compra e venda de votos de deputados com o Mensalão, para manter o governo a flutuar entre as suas próprias piranhas. A força do PT, a sua capacidade de ter um voto eleitoral maioritário, mas num sistema eleitoral que lhe rouba a maioria e favorece o aliancismo tacticista, deu lugar a um sistema de corrupção que se tornou uma marca de governo. Ao abeirar-se dos donos do Brasil, o PT pareceu-se cada vez mais com eles, nos tiques e nas ambições.
Só que essa mimetização e essas alianças nunca aplacariam o ódio de classe nem amenizariam a raiva da direita que era forçada a partilhar o poder. Por isso, a espiral da radicalização transformou ainda mais os partidos, com um parlamento em que as bancadas que cresceram são as das seitas religiosas fanáticas, os defensores do tiroteio e dos fuzilamentos policiais, ou de outras particularidades. O que agora junta esta turbamulta é o alvo Dilma e, sobretudo, o alvo Lula. Os magistrados golpistas pressentiram a oportunidade e interpretaram o momento de descontrolo, descendo à terra como anjos exterminadores. E temos golpe.

Seria ocioso dizer agora que esta esquerda nunca aprendeu nada. Que um sistema eleitoral que corrompe é um salvo-conduto para a direita. Que alianças com partidos ou políticas destruidoras são impeditivas da mobilização do povo. Que o braço dado com a finança é repressão da vida das pessoas. Mas tudo isso é a vida falhada de um governo que criou tanta expectativa e que prometeu tanto a tanta gente que já viveu tanta mentira.

O Brasil tornou-se assim um pavor de ameaças neste golpe em câmara lenta: estamos a vê-lo, adivinhamos como vai acabar, mas o filme é inacessível para quem olha. Vemo-lo, em todo o caso, e, nele, o que é insuportável é a arrogância dos golpistas, o que é execrável é a justificação justiceira para a ilegalidade e para o arbítrio sem regras, o que é triste é este fracasso político de um governo que esperava ocupar o poder e viver dele como se o tempo passasse e tudo compusesse. Como se viu, a história, que é quem tem o poder ou o assume, virou-se sobre si própria e começou a destroçar este ciclo de governação.

Mas, olhando o Brasil daqui de fora e conhecendo alguma coisa de dentro, só vejo desperdício de esperança, tanta tristeza, tanta gente extraordinária que está a ser sacrificada, tanta ameaça contra a liberdade, tanta pesporrência golpista, tanta violência evocativa da ditadura militar, tanta asquerosa condenação dos mais fracos: nesse mundo eles não têm direito.

Vive-se no Brasil como se este golpe avançasse e o povo ficasse parado a ver, já não acreditando em nada. Não precisavamos desta farsa de golpe para nos lembrarmos que a história é parteira de tragédias.

http://www.diariodocentrodomundo.com.br/assistimos-a-um-golpe-no-brasil-em-transmissao-direta-diz-escritor-e-ex-deputado-portugues/



Extraído do blog:www.suzyscosta.blogspot.com

Moro protege os Golpistas da Odebrecht - Por isso a Lista sumiu!


https://www.youtube.com/watch?v=wOZiPU5xGTs

Extraído do Blog: suzyscosta.blogspot.com

Submissão : Muito Mais Que Ceder

 

 

por Rebecca Jones

 Princípios bíblicos para honrar os maridos de forma radical

Enquanto eu dirigia, trazendo minha filha de quinze anos da ginástica para casa, eu ouvia atentamente sua descrição de um momento doloroso e embaraçoso. Suas emoções pesavam não só em minha alma, mas também no pedal do acelerador. Uma náusea tomou conta de mim enquanto eu via as luzes piscando atrás de nós. Quando o policial me perguntou se eu tinha alguma razão para dirigir a 40 milhas por hora em uma zona de 30 milhas por hora, eu simplesmente respondi: “Não senhor, eu só não estava prestando atenção”.

Quando terminamos as formalidades do processo de emissão da multa, eu saí dirigindo (devagar!). Minha filha, que agora já estava realmente soluçando pela tensão adicional de me ver receber uma multa que eu não poderia pagar, começou a reclamar de quão injusto o policial tinha sido.

“Não”, eu insisti. “Ele não foi injusto. Se eu estava indo acima do limite de velocidade, ele tinha todo o direito de me parar e me dar uma multa”.

“Mas ele foi tão arrogante, tão sabe-tudo”, minha filha argumentou. “E ele poderia ter apenas te dado um aviso”.

“Bem, eu já vi coisa pior”, eu respondi.

Eu não estava chateada com aquele policial nem tive medo dele como pessoa. Eu não me senti nem melhor nem pior que ele, mas ele era um policial e eu não. Naquela situação, eu era chamada a me submeter à sua jurisdição.

Mudanças culturais

Essa situação de autoridade legal é, praticamente, a única figura de submissão que ainda temos em nossa sociedade. Apesar de não ser particularmente útil quando pensamos a respeito de uma esposa se submetendo a seu marido, ela ilustra um princípio. Assim como o policial não era “melhor” do que eu, mas simplesmente estava exercendo a autoridade que lhe foi delegada, também um marido não é “melhor” que sua esposa meramente por estar em autoridade. Ela não é um ser humano menos digno que ele, mas a autoridade é parte da tarefa, da identidade e do chamado dele.

Eu não tenho mais ouvido ou lido a palavra “submissão”. Imagino que a pessoa comum daria a essa palavra uma conotação negativa. Somente fracotes se submetem. A pessoa realizada é forte, autônoma e automotivada.

Quando eu estudava na Wellesley College, o movimento feminista estava ganhando força. Era chocante se uma mulher anunciasse que sua vocação escolhida era o casamento e a maternidade.

Desde então, essas atitudes em relação a esposas e mães se espalharam ao ponto de não serem mais domínio da esquerda radical, mas a opinião comum na sociedade em geral.

Nesse contexto, até mulheres cristãs têm dificuldade de se ajustar às palavras do apóstolo Paulo aos Efésios: “As mulheres sejam em tudo submissas a seu marido”. Claro, alguns tentam argumentar que o que Paulo quer dizer é uma submissão menos ofensiva, toma-lá-dá-cá, em que cada parte simplesmente considera as necessidades da outra. Para apoiar esse ponto de vista, alguns usam Efésios 5.21, que parece sugerir uma submissão mútua, meio a meio, que poderia passar despercebida pelos guardiães do politicamente correto em nossa cultura.

Mas certamente nós percebemos o sentido implícito desse verso no contexto de todo o livro. Paulo segue ao comando de “sujeitar-vos uns aos outros” pelos modos através de quais nos submetemos, ou seja, esposas a maridos, filhos a pais, escravos a senhores (ou, em nossa sociedade, empregados a chefes). Se Paulo estava apenas enfatizando um princípio geral de submissão mútua, por que ele iria enumerar casos específicos? Se ele quisesse ilustrar a mutualidade da submissão, ele teria enfatizado os dois lados da questão, especificando: “Escravos, sujeitai-vos a seus senhores como, mestres, a seus escravos. Maridos, sujeitai-vos a suas esposas, como, esposas, a seus maridos. Pais, sujeitai-vos a seus filhos, como, filhos, a seus pais”. Pelo contrário, essa passagem é revoltantemente antidemocrática.

Então, como pode uma mulher cristã, hoje, viver essa noção de submissão? O que está envolvido nisso?

Dois princípios

Usemos dois padrões de pensamento paulinos para iluminar nossa discussão sobre submissão. Talvez, se nós pudermos treinar-nos a pensar um pouco mais como o apóstolo Paulo, nós entendamos com o que essa submissão deve se parecer.

Primeiramente, Paulo nos dá o princípio de obediência positiva radical. Algumas pessoas já o descreveram como retirar e colocar. Note, em Efésios 4.28, quando Paulo fala sobre o furto, ele não para no mandamento negativo “não furte mais”. Antes, ele nos diz que, de forma a não furtar mais, nós deveríamos usar nosso tempo trabalhando com nossas próprias mãos. Mas isso ainda não é suficiente. O ladrão deve parar de furtar e trabalhar para que tenha com que acudir ao necessitado.

Então, o comportamento negativo é furtar, o comportamento “neutro” é trabalhar com as próprias mãos e o comportamento positivo é dar seus bens a outros.

Vemos Paulo usar esse mesmo princípio em relação à fala. Não é suficiente parar de mentir ou mesmo silenciar, mas deve-se falar a verdade tendo como objetivo a edificação (Ef 4.29). Igualmente, nós não devemos ser bêbados, mas devemos ser cheios do Espírito para que possamos entoar hinos e cânticos espirituais sob Seu controle para a edificação do corpo de Cristo (Ef 5.18-19).


O segundo princípio paulino que nos ajudará a entender submissão é o princípio de paralelismo. Paulo traça um forte e específico paralelo entre o relacionamento de Cristo com a Igreja e o relacionamento do marido com sua esposa. A própria razão pela qual Deus criou homens e mulheres e a profunda união física e espiritual que eles experimentam no casamento é para ensinar-lhes sobre Cristo. Todas as estruturas da criação de Deus existem para nos ajudar a compreender Sua natureza.

Ele nos encoraja a aprender sobre Cristo e a Igreja pelo que sabemos do relacionamento no casamento e também a aplicar o que sabemos da união entre Cristo e sua Igreja em nossos casamentos, para que possamos melhor compreender como amar no contexto dessa união.
Apliquemos esses dois modos paulinos de pensamento à submissão.

 Honra radical

Mulheres que, ativamente, se rebelam contra a autoridade de seus maridos, recusando-se a aceitar o que Deus colocou em suas vidas para proteção, obviamente não estão em submissão. Mas, à luz de uma obediência positiva radical, não é suficiente que tal mulher seja apenas neutra. Submissão não é uma passividade relutante ou laissez-faire. Para obedecer ao mandamento de Cristo de submeter-se, uma esposa deve tentar conhecer o coração de seu marido, honrar esse coração, orientar-se por seus desejos e alegrias, seus instintos e paixões, e alinhar a si mesma e a seus filhos a esses desejos e paixões.

Nós, esposas, não devemos apenas não depreciar nossos maridos, mas devemos elevá-los. Nós não devemos apenas não lhes negar nossos corpos, mas somos chamadas a entregar-nos com alegria. Não devemos apenas tentar “não os dominar”, mas devemos desejar aumentar sua autoridade e respeito de toda forma possível, seja aos olhos de nossos vizinhos, de nossos filhos ou de nossos amigos da Igreja. A famosa passagem de Provérbios 31 mostra uma mulher que usa sua grande iniciativa e criatividade para controlar uma esfera de influência que lhe foi dada por seu marido, de maneira a trazer honra ao nome dele.

 Fazer convergir nele

A submissão de uma esposa a seu marido deve ser paralela à submissão da Igreja a Cristo. A tarefa da Igreja é aprender a fazer convergir todas as coisas no cabeça, Cristo (Ef 1.10), e permitir que seu Salvador a santifique (5:26). Devemos levar cativo todo pensamento a Cristo (2 Co 10.5). Devemos ter nossas mentes renovadas (Rm 12:2), conformando-as à mente de Cristo, nosso Salvador. Devemos ser purificados por meio da lavagem de água pela palavra de Cristo (Ef 5.26). A Igreja deve adotar o coração de Cristo.

A tarefa de uma esposa de submeter-se a seu marido é muito mais do que, simplesmente, aquiescer quando acontece de a vontade dele ir de encontro à dela ou permitir que ele tome decisões sem fazer objeções. Uma esposa deve fazer convergir todas as coisas em uma cabeça, seu marido. Em outros termos, na esfera de seu lar, onde seu marido é a cabeça, a esposa deve reunir, juntar e submeter todas as coisas que estão sob sua supervisão (inclusive seus filhos!) ao controle de seu marido.

Sou casada há vinte e oito anos. Conforme vou, gradualmente, compreendendo a natureza radical da submissão, também compreendo a profundidade de minha própria rebelião. Sem o poder e a graça de Cristo, a Igreja não pode viver à altura do alvo de fazer convergir todas coisas no cabeça, isto é, em Cristo. Sem o poder e a graça de Cristo, nunca poderei começar a fazer convergir todas as coisas em meu lar em uma cabeça, isto é, meu marido. Mas, em minha fraqueza, eu aprendo sobre a força de Cristo. Enquanto me esforço para submeter-me a meu marido e alinhar-me a seu coração, mesmo quando eu não o compreendo, eu também estou ajudando a fazer convergir todas as coisas em Cristo.

Pois o homem é a cabeça da mulher, Cristo é a cabeça do homem e até mesmo Cristo irá sujeitar todas as coisas aos pés de seu Pai, quando todas as coisas lhe estiverem sujeitas (1 Co 15.21-28).
Assim, o que é submissão? É participar, com todo o coração, na exaltação de seu marido e elevá-lo a glória e honra sob Cristo.

Sem compreender a base bíblica de sua conclusão, uma aluna de Wellesley, tendo chegado à beira de um segundo divórcio, disse: “Eu acho que meu primeiro marido estava certo. São necessárias duas pessoas para fazer um sucesso”. Deus me deu para meu marido, para ajudá-lo a ter sucesso em sua tarefa de fazer convergir sua família e seu lar na liderança de Cristo e em seu trabalho de pregar claramente o Evangelho. Quando filhos se submetem a seus pais na força do Senhor, quando empregados se submetem a seus chefes através do maravilhoso poder do Evangelho e quando esposas se submetem a seus maridos, todos nós crescemos juntos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo (Ef 4.15). E nós enchemos todas as coisas com o conhecimento do glorioso Deus do Evangelho (4.10), que nos amou com amor eterno.

Através de radicalmente se submeterem a seus maridos com alegria, pelo poder do Espírito Santo, esposas cristãs participam não apenas do mandamento original de encher a terra e sujeitá-la, mas também no maior e celestial mandamento à Igreja de mostrar “a multiforme sabedoria de Deus” aos dos principados e potestades (Ef 3.10) e de chegar “à medida da estatura da plenitude de Cristo” (4.13), de forma a elevá-lo em glória e “encher todas as coisas” (4.10). Quão grandioso e elevado é nosso chamado e que Salvador abnegado temos para nos mostrar o caminho.

Traduzido por Sarah Buckley

Traduzido por Reforma21 | Reforma21.org | Original aqui
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segunda-feira, 28 de março de 2016

Carta Aberta a Michel Temer : Em Busca da Ética

Fazer parte de uma trama que culminará em uma puxada de tapete é a mais pura traição, um ato dos mais fracos, dos chamados oportunistas.


 Valter Campanato/ Agência Brasil



Senhor Vice-Presidente,

Hoje o nosso país vive à beira de um abismo. Não o abismo do clichê monotemático da ”crise” criada, manipulada e bombardeada principalmente pelas organizações Globo como verdade, antes dela sequer existir, e cantada em coro pelas vozes de partidos da oposição ao governo federal, que nunca se conformaram em perder uma eleição e, assim, ficarem longe do “poder”, ainda que fruto de um resultado democrático.  

Este abismo ao qual me refiro, é o abismo da indecência e da indignidade humana. Todos os dias vimos homens maduros, infelizmente apenas na sua idade, se curvarem de joelhos para ganhar um holofote a mais como trampolim, para que em nome de suas ambições individualistas e pequenas, possam abocanhar um pedaço maior do bolo da nação.

Ainda que vozes que se auto intitulam povo, bradem com pouquíssima consciência pelo impeachment da presidenta Dilma, muitos de nós sabemos e o senhor ainda mais, que não há razão jurídica para isso, baseada nas pedaladas fiscais, e que o momento politico é completamente diferente daquele vivido no governo Collor em 1992, até a sua derrocada.


Imagino que o senhor vem acompanhando também outras vozes das ruas; a dos movimentos sociais (aqueles que vivem na pele, mais do que qualquer um de nós “o tour de force” da sobrevivência humana), dos juristas de ilibada reputação, dos religiosos equilibrados, dos artistas, dos escritores, músicos, cineastas etc que são unânimes a favor do combate à corrupção, mas fortemente contrários a qualquer tipo de traição e golpe aos mais de 54 milhões de eleitores que votaram no mandato Dilma-Temer.

Estas vozes não se medem apenas pela quantidade, apesar de não serem poucas, mas pela sua capacidade de mobilização; pela sua contribuição histórica para a música, a poesia, a literatura, o cinema; a construção simbólica, cultural, subjetiva de nosso país que faz com que quando você diga Brasil, a palavra emane versos, imagens, letras e melodias que dão forma a nossa alma, para nós mesmos e para o mundo.

Caro Temer, ouça essas vozes. Elas saíram diretamente do coração e das entranhas do nosso país. São profundas, têm valor. Não falam para o próprio umbigo, não almejam cargos, não visam vingança. Elas pedem uma virtude básica para a vida em qualquer sociedade: a ética. E ecoam seu clamor em brados retumbantes, na esperança de que a história brasileira não se manche mais uma vez pelo o que há de mais pequeno e covarde no ser humano: a traição.  O homem como ser que já nasce sabendo que irá morrer, terá sua  história escrita primeiro, por sua própria consciência, sem falsas alegorias de uma elite vingativa e egoísta, usadas para legitimar um golpe dos opositores politicos do Congresso Nacional, que pisam não apenas na constituição, mas que ignoram um clamor democrático que dá sentido ao nosso espírito maior.

Este homem terá depois, sua história traduzida em versos, melodias, livros e filmes, peças que perpeturão ad infinitum, pelos territórios além da bolha obtusa dos gabinetes politicos e das redes de TV brasileiras, já arcaicas e obsoletas em suas escolhas maniqueístas e pouco responsáveis, que visam a manutenção de seu status quo em detrimento do avanço intelectual da maioria.

Caro Temer, se assumiu o risco de ser vice-presidente da república, não se vingue da nação que o elegeu por ambições que não compactuam com o nosso voto.

Este não é o seu primeiro mandato como vice-presidente. O senhor é co-autor deste governo. A renúncia à vice-presidência é um ato digno, caso não concorde mais em fazer parte do governo, como parece ser o caminho do partido que o senhor preside. A renúncia à presidência, caso aja um impeachment é também um marca de caráter por não legitimar um golpe.  

Mas fazer parte de uma trama que culminará em uma puxada de tapete, para assumir a Presidência da República, sem os votos contabilizados pelo nosso sistema democrático, arduamente construído, é a mais pura traição, um ato dos mais fracos, dos chamados oportunistas. A presidenta Dilma não é menos honesta do que o senhor.

Nenhum legado vale a pena ser deixado na história, construído nestes alicerces que cedo ou tarde serão destruídos por outros traidores, seguindo a máxima da vida entre predadores que sempre se auto-destroem.

Quando tomar sua decisão sobre o momento politico em que o país vive, não renuncie ao que resta ao homem como seu último suspiro de existência: a ética. Se não fizer isto pelo país, faça-o pela sua própria dignidade e pela memória que irá deixar na política brasileira.  

Que na lápide da sua consciência seja escrita uma história de coragem e respeito à verdadeira democracia.

Luciana Burlamaqui/  http://cartamaior.com.br/?/Editoria/Politica/Carta-Aberta-a-Michel-Temer-Em-busca-da-etica%0A/4/35813

Extraído:  http://suzyscosta.blogspot.com.br/

sábado, 26 de março de 2016

Os Portadores De Necessidades Especiais: Propostas e Caminhos Para Uma Pastoral De Cuidado

 

Há alguns anos atrás, nas Olimpíadas Especiais de Seattle, nove
participantes, todos com deficiência mental ou física, alinharam-se para a largada da corrida dos 100 metros rasos.
Ao sinal, todos partiram, não exatamente em disparada, mas com vontade de dar o melhor de si, terminar a corrida e ganhar. Todos, menos um garoto, que tropeçou no asfalto, caiu rolando e começou a chorar.
Os outros oito ouviram o choro. Diminuíram o passo e olharam para trás.
Então eles viraram e voltaram. Todos eles. Uma das meninas, com Síndrome de Down, ajoelhou, deu um beijo no garoto e disse: "Pronto, agora vai sarar".
E todos os nove competidores deram os braços e andaram juntos até a linha de chegada.
O estádio inteiro levantou e os aplausos duraram muitos minutos. E as pessoas que estavam ali, naquele dia, continuam repetindo essa história até hoje.
Porquê?
Por que, lá no fundo, nós sabemos que o que importa nesta vida mais do que ganhar sozinho, é ajudar os outros a vencer, mesmo que isso signifique diminuir o passo e mudar de curso.


1. Introduçao
Nosso trabalho sobre o cuidado pastoral para os portadores de necessidades especiais é de suma importância para a igreja que há séculos vem esquecendo essa verdade pulsante.
Como igreja brasileira precisamos abrir os nossos olhos para os excluídos da sociedade de consumo pós-moderna e esse abrir os olhos passa pelo caminho da compaixao e da inclusao como também um caminho para uma pastoral da dor em meio os dramas da vida.

Nossa proposiçao tem como foco uma proposta justa para essa lacuna em muitas igrejas sejam elas históricas ou pentecostais. Iniciaremos nosso trabalho mostrando o ostracismo de uma pastoral para os portadores de necessidades especiais no complexo de uma eclesiologia contemporânea.

Em seguida trabalharemos com dois personagens que ao longo dos seus ministérios desenvolveram uma pastoral de compaixao que serve de modelo para repensarmos a nossa caminhada. Olharemos para Henry Nouwen e seu despojamento em busca da compreensao do outro e esse outro sao pessoas deficientes que precisam ser amadas na doce e amarga caminhada da vida.

Depois olharemos para Camilo de Lelles que viveu no século XVI no ardor da reforma protestante e do Concílio de Trento. Longe das questoes teológicas que marcaram aquele período Camilo de Lelles seguiu uma estrada nova em sua época entregou a sua vida a cuidar de doentes, pessoas excluídas, mal amadas, abandonadas e rejeitadas pela sociedade. Em seu despojamento Camilo deixou um exemplo da práxis de uma pastoral de cuidado em meio ao caos.

Em seguida estaremos focando nossa visao de maneira sintética na pessoa de Jesus Cristo e os portadores de necessidades especiais como um caminho para uma pastoral marcada pela paixao e pelo cuidado. Encerraremos com uma proposta de cuidado pastoral através da análise de Ana Paula Costa, pedagoga crista que trabalha com deficientes mentais na Apae de Santa Catarina.

Como em todas as épocas os portadores de necessidades especiais lutam com o gigante Isbi Benobe do preconceito, da falta de respeito, dos maus tratos, da falta de um programaçao justa que inclui a todos dando espaço para todos no vasto mundo humano. Nossa argumentaçao em mostrar alguns pontos esquecidos pela ala evangélica nao é colocar o dedo na ferida dos eclesianos mais trazer a tona um erro histórico que precisa ser corrigido pela igreja de Cristo na luz do Evangelho e da contextualizaçao.

Geralmente o máximo que as igrejas cristas fazem é uma pista para os cadeirantes ter acesso ao templo, culto para os surdos, bíblias em braile para os cegos etc. Tudo isso é importante mais falta de fato um programa pastoral para essas pessoas que como Adam sao amados por Deus e nao podem ser esquecidos pela igreja. É verdade que muitas igrejas tem levado esse programa a sério mais a realidade mostra o quanto estamos omissos no que tange essa temática. Que Deus nos ajude nesta tarefa de glorificar o seu nome entre os necessitados e portadores de deficiencia especiais.

2. O ostracismo de uma pastoral para os portadores de necessidades especiais no complexo de uma eclesiologia contemporânea.

Há algum tempo através eu e minha esposa fiquemos profundamente impressionados com a palestra do Professor Stevem Dubner um dos melhores palestrantes do Brasil que trabalhou o tema “Nao sabendo que era impossível ele foi lá e fez”.

O auditório da Universidade ficou perplexo em ver em Stevem um profundo amor pelos deficientes físicos como também sua proposta apaixonante por cada um deles. Seu foco sua missao seu dinamismo e sua visao impressionou a todos que estavam naquela noite na Universidade do Sul de Santa Catarina.

Steven Dubner ministra em empresas, escolas, universidades etc. e sua palestra é considerada entre os maiores empresários brasileiros e associaçoes de RH como uma das 10 melhores palestras em todo o Brasil. Com uma experiencia de mais de 25 anos com o esporte adaptado ele foca a grande importância da inclusao e da habilidade dos deficientes físicos.

Steven mostra que podemos através do incentivo e de uma visao clara transformar frustraçoes, decepçoes desafios oriundo de um preconceito numa sociedade niilista, narcisista, capitalista e excludente principalmente com os necessitados e portadores de deficiencia especiais em oportunidades para formar atletas que vencem tanto no campo do esporte adaptado como no campo da vida. Stevem deixa claro sua paixao em realizar seu trabalho com os deficientes físicos.

Ele já palestrou mais de mil vezes em todo o Brasil e fora do Brasil e o que impressiona em sua obstinaçao é que suas palestras de consciencia, alerta, motivaçao e realismo nao é um exibicionismo nem um estrelado. Toda a verba arrecada com o brilhantismo de suas palestras sao revertidas para a compra de cadeiras de rodas e para a Associaçao Desportiva para Deficientes.

Como pastor fiquei pensando que esse deve ser o papel da igreja que é sal e luz para o mundo. Ela mais do que ninguém deve ter um acento permanente na causa dessas pessoas criadas a imagem de Deus. Fico refletindo aonde esta a igreja diante dos gritos dos excluídos que precisam urgentemente de esperança messiânica de ouvir as boas novas do evangelho.

Nossa pastoral em tom eclesiano nao tem olhado para o realismo dos necessitados e portadores de deficiencia especiais. A igreja brasileira caminha em passos lentos para esse ministério de compaixao e justiça. Os pastores, seminaristas etc ainda vivem num ostracismo de uma pastoral de cuidado integral para com esse tipo de verdade ontológica.

A igreja tem se preocupado com tantas coisas e as vezes nao consegue se desvencilhar de sua aridez teológica, seu clericalismo, seu denominacionalismo suas estratégica de programas que sao voltados para “dentro” numa manutençao doentia de segurar a membresia alimentando o status quo eclesiástico.

As muitas programaçoes eclesiásticas os frenesis cristaos voltados para o céu, para o meu bem querer e para as necessidades humanas tem desfocado a igreja de olhar para o mundo e perceber que ao redor dela existe uma grande multidao de pessoas vivendo em estado de sofrimento, miséria física-emocional, social-espiritual e que essas pessoas precisam urgentemente ouvir o Evangelho de Cristo.

Grande é o número dos necessitados e portadores de deficiencia especiais que estao clamando “ passe a Macedônia e nos ajude”, se formos obedientes como o apóstolo Paulo que diante deste fato foi em busca dos necessitados abandonando todo o seu projeto inicial ou persistencia racionalista iremos também nos deparar com o amor de Deus sendo derramado para essa gente como foi derramado em Filipos nos primórdios da igreja em Atos dos apóstolos no capítulo dezesseis.

É claro que diante de um fato novo e urgente as barreiras se levantam, as lutas e perseguiçoes se agigantaram mais como Paulo e sua equipe devemos ser fiel ao chamado e a vocaçao para uma pastoral de cuidado.

Jesus Cristo modelo para todo ministério pastoral e também para a pastoral eclesiológica que nao inclui somente os ordenados mais todo o povo de Deus “ laos Dei” e isso é salutar pensarmos assim pois é sem dúvida o redescobrimento reformado do sacerdócio de todos os crentes que nao visa somente o clero mais todo o povo no entroncamento da vida e do dia a dia da ontologia humana ele o filho de Deus se deparou e se encontrou com deficientes físicos, deficientes visuais, deficientes auditivos etc. e nao ficou indiferente aos seu dramas mais num olhar de compaixao estendeu a mao em forma de cuidado e amor.

Jesus Cristo é um protótipo de amar aqueles que pouco sao amados, de incluir aqueles que sao excluídos, de dar esperança aqueles que em virtude de seu problema perderam a esperança a utopia e o sonho. No caminho da cruz de Cristo surge uma proposta urgente para a igreja no que tange o cuidado pastoral para os necessitados e portadores de deficiencia especiais que é a imitaçao de Cristo como diz Tomás de Kempis “ Sao as palavras de Cristo que nos exortam a imitarmos sua vida e costumes, se verdadeiramente quisermos ser iluminados e livres de toda a cegueira de coraçao ”.

É no tecido do ministério de Jesus Cristo que brota a verdadeira cristologia que nao é somente uma verbalizaçao academicista mais um pélago encarnacional, relacional de uma práxis de compaixao e exemplo integral. A igreja de Cristo deve compreender a sua responsabilidade neste aspecto aqui mencionado. Ela nao deve fugir da sua responsabilidade espiritual de anunciar o evangelho todo para todas as pessoas em todo o tempo e em todo lugar como sinaliza o pacto de Lausanne. A igreja de Cristo nao deve jamais se esconder no manto do descaso social como fez Jonas que diante do desafio de ir para Nínive preferiu ir para Társis longe da vontade de Deus ( Jn. 1. 1-3)

A tarcirizaçao da igreja que é a indiferença com o mandamento de Deus e sua missao é pecado diante do Altíssimo. A igreja é voz profética e deve em nome de Deus denunciar toda a injustiça, todo o descaso social, todo o patrulhamento preconceituoso contra os necessitados e portadores de deficiencia especiais ( Prov.31.8-9)

O teólogo anglicano Dr. John Stott em seu livro Mentalidade Crista: Posicionamento do Cristao em uma Sociedade nao Crista, aponta para o dever integral da igreja diante do mundo. Stott diz que o laissez-faire da igreja que é justamente a apatia e a indiferença é um grande erro eclesiológico que traz conseqüencia.

Como igreja nao podemos ficar indiferente com a situaçao de injustiça, descaso social etc em todas as formas que deforma. Na verdade estamos diante de uma situaçao que precisamos abraçar em nome de Deus que é uma pastoral de cuidado para com os necessitados e portadores de deficiencia especiais.

E esse cuidado nao é uma fuga para Tarsis mais um ir para Nínive em busca do fraco, do perdido, da ovelha ferida que nao consegue discernir entre a mao direita e a mao esquerda no jogo dúbio da vida
Segundo o Unicef, uma em cada 10 crianças é portadora de necessidades especiais e 190 milhoes de crianças no mundo estao nessa situaçao, das quais cerca de 150 milhoes nos países nao-desenvolvidos.

A Organizaçao Mundial de Saúde estima que no Brasil existam 15 milhoes de portadores de necessidades especiais, dos quais cerca de 7 milhoes com deficiencia mental, 3 milhoes com deficiencia física, um milhao e meio com múltiplas deficiencias, 750 mil com deficiencia visual e cerca de 2 milhoes com deficiencia de audiçao.

Outras fontes dizem que esse número já chegou a casa dos 25 milhoes de pessoas.
Os necessitados e portadores de deficiencias especiais vivem um drama diário juntamente com suas famílias. O poder público nao tem uma resposta satisfatória quanto a essa realidade. Esse realismo é presente já no inicio da vida, pois muitas creches nao tem condiçoes para receberam essas crianças. Assim como dizem os estudiosos no assunto muitos pais tem que renunciar o seu trabalho principalmente a mae para poder cuidar do filho que é portador de deficiencia.

Este fato percorre por toda a vida, pois a integraçao a inclusao o afeto ainda é uma realidade tardia, labutante nas fazes adultas. Outro ponto desfavorável é justamente á oportunidade de trabalho para essa fatia grande na sociedade que é esquecida.
É certo que várias medidas a nível político já foi tomada, todavia a práxis da inclusao trabalhista é barrada pelo mercado narcisista que coloca esse tipo de pessoas nao por causa do amor e do afeto mais por causa de um decreto de lei que obriga esta açao.

Estamos longe de ver uma sociedade que inclui através do amor e do olhar de compaixao. Esse papel sem dúvida deve ser da igreja que é por assim dizer a comunidade do amor, do perdao, da reconciliaçao, do afeto, do abrigo.

A igreja de Cristo nao pode ficar no ostracismo dessa realidade mais em nome de Deus deve fazer um programa que atinge essas pessoas como também ser participadora de órgaos que á anos vem lutando esta causa justa. Ela deve ser humilde em aprender o caminho técnico do desdobramento desse realismo e como trabalhar isso no patamar da interdiciplinidade como ajuste e encontro de ramos da ciencia em prol do sofrido.
Muitos profissionais estao em nossos bancos de igreja em virtude de um conceito errado de vocaçao eles estao no corpo de Cristo inativos enquanto poderiam ser capacitados- para essa sublime tarefa, pois temos pedagogos, médicos, professores, psicólogos, assistentes sociais etc. que poderiam servir a igreja e consequentemente o mundo nas suas formas mais complexas.

Como igreja achamos que vocaçao é algo no campo dos “ordenados” dos treinados no campo da teologia. Esse engano histórico deve ser removido das fileiras do evangelho, pois vocaçao nao está vinculada somente no brasao da ordenança mais cada profissao é uma vocaçao que deve ser servida no reino de Deus para o louvor da sua glória.

Um projeto de cuidado pastoral para os necessitados e portadores de deficiencia especiais passa por esse romper barreiras e fronteiras dentro da própria estrutura eclesiástica e pastoral. Se queremos contribuir para essa fatia crescente em nossa naçao devemos ter um olhar de compaixao para com essas pessoas e seu mundo imediato que envolve família, renda, sonhos, dedicaçao etc.

A igreja deve ser humilde em reconhecer a sua omissao tanto em projeto da igreja local como em sua voz profética junto aos órgaos públicos e na conscientizaçao humanizadora de seus membros quanto a essa questao. Jesus Cristo deixou exemplo para a igreja seguir e esse exemplo deve ser teologizado, encarnado, vivido para gloria de Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo.

Pensando assim iremos juntos romper o ostracismo de uma pastoral para os necessitados e portadores de deficiencia especiais no complexo mundo da eclesiologia contemporânea. Sabemos que a tarefa é árdua mais prazerosa, pois sabendo que era impossível ele foi lá e fez nós como cristao determinados a ajudar esse enorme grupo de 25 milhoes de necessitados e portadores de deficiencia servimos o Deus do impossível que pela sua graça já fez um programa especial para esses seu filhos queridos.

Agora cabe a nós redescobrir as velhas e sempre novas palavras de Jesus Cristo “ assim como o pai me enviou eu envio a vós” entao “ide por todo mundo e pregai o evangelho para toda a criatura” e sem dúvida aqui se coloca com sublimidade os portadores de deficiencia especiais.

A igreja contemporânea e o seu complexo eclesiástico devem revisitar as frases do general William Booth fundador do Exército de Salvaçao que expressou dizendo:
“ Enquanto mulheres chorarem, como choram agora, Eu lutarei; Enquanto criancinhas passarem fome, como passam agora, Eu lutarei; Enquanto homens passarem pelas prisoes, entrando e saindo, entrando e saindo, Eu lutarei; Enquanto houver uma moça vagando perdida pelas ruas, Enquanto restar uma alma que esteja nas trevas sem a luz de Deus, Eu lutarei; até o fim, Eu lutarei”.

O Pacto de Lausanne maior evento contemporâneo da cristandade evangélica que ocorreu em 1974 na Suíça e que foi representado por mais de 150 naçoes em seu artigo V “ A responsabilidade Social Crista”, deixa claro que o ostracismo eclesiástico diante das camadas desfavorecidas da sociedade é um grave erro cristao.

Lausanne salientou que o ser humano foi feito a imagem de Deus e toda pessoa independente de raça, religiao, cor cultura, camada social, sexo ou idade possui uma dignidade intrínseca razao pela qual deve ser respeitada e servida e jamais explorada.

O evangelho e a açao social nao sao incompatível excludente como sublinha o Pacto “ embora a reconciliaçao do homem com o homem nao signifique a reconciliaçao deste com Deus, nem a açao social evangelizaçao, e nem emancipaçao política salvaçao, contudo afirmamos que a evangelizaçao e o envolvimento sócio-político sao ambos parcelas do nosso dever cristao”.

Sem dúvida nosso dever como igreja é rever em primeiro lugar nosso propósito, nossa identidade, nossa missao. Nao podemos ter um evangelho voltado para dentro “ centrípeto” , mais um evangelho voltado para fora “ centrífugo”, que enxerga o caído, o desfavorecido, o ferido, o excluído que espera em nós os eclesianos uma pastoral de cuidado e amor.

3. Um Olhar de Compaixao Através de Henry Nouwen e Camilo de Lellis.

3.1. Henry Nouwen


Em 1932 na Holanda nasceu o erudito Henri J. Nouwen. Ele dedicou a sua vida como escritor, preletor e foi professor talentoso nas universidades de Harvard, Yale e Notre Dame. Hábil escritor Henry Nouwen escreveu vários livros que contribuiu muito para uma teologia da espiritualidade crista como também deixou exemplo de uma pastoral para os portadores de necessidades especiais sendo mentor espiritual de vários líderes espalhado pelo mundo.

Nouwen abandonou uma carreira academica brilhante para pastorear os deficientes mentais na comunidade “ A Arca” em DayBreak na cidade de Toronto no Canadá. Durante quase uma década esse holandes amado dedicou a sua vida ajudando os deficientes em Daybreak dando destaque para o jovem Adam Arnett que morreu em fevereiro de 1996 na qual Henry cuidou e pastoreou.

Nouwen que faleceu no mesmo ano no dia 21 de setembro 1996 escreveu seu último livro em homenagem a esse jovem com deficiencia mental deixando assim um legado de despojamento, compreensao, renúncia, compaixao etc.

Em seu livro Adam o Amado de Deus aprendemos o quanto devemos repensar nossa caminhada de fé e voltarmos os nossos olhos para uma lacuna que a igreja precisa preencher que é justamente um programa para os portadores de deficiencias especiais.
Existem vários Adams que precisam ser abraçados, incluídos, compreendidos, amados no chao do nosso país. A tarefa é por demais complexa e desafiadora mais Deus convoca sua igreja para a sublime causa.

De fato como igreja devemos confessar nossa falha histórica para com os deficientes especiais. A igreja hodierna tem uma agenda eclesial pragmática que envolve programa de juniores, programa de louvor, programa para jovens, programa de capacitaçao para líderes, programa para as senhoras, programa para os homens etc. mais poucas sao as igrejas que desenvolve com seriedade um programa de cuidado pastoral para os necessitados e portadores de deficiencia especiais.

Nouwen em seu clássico livro O Filho Pródigo relata sua trajetória espiritual na figura do filho pródigo que abandonou o lar, na figura do irmao mais velho que nao aceitou com alegria a volta do irmao perdido, e a figura do pai que é expressao da graça e do acolhimento tanto para o irmao mais novo como para o irmao mais velho.
Mais o que nos chama a atençao na formataçao do ministério dele é que seus últimos anos ele expressou com amor e carinho a figura do Pai para com a comunidade dos portadores de deficiencias especiais.

Nouwen amou aquelas pessoas sem ganhar nada em troca, como o pai do filho pródigo ele abraçou, celebrou a vida com eles, celebrou uma festa de amor, sacrificou o boi cevado da inclusao, colocou nos pés deles a dignidade humana e vestiu eles com as vestes de alegria, da compreensao, da compaixao, da misericórdia e do afeto.
Para isso renunciou prestígios academicos e se embrenhou no maior projeto de sua vida vivendo constantemente o doce paradoxo de abençoar e ser abençoado de nada ter mais possuir tudo, de ser pobre mais enriquecendo a muitos de desconhecido mais bem conhecido, de pastor mais sendo ovelha, de professor mais sendo aluno.

3.2 Camilo de Lelles

No alvorecer da reforma protestante de Lutero, Zuínglio, Calvino, a Europa passava por uma reforma teológica hermeneutica iniciada com Martinho Lutero e em seguida na segunda geraçao pelo teólogo genebrino Joao Calvino. Longe da Alemanha de Lutero a Itália no século XVI, foi vítima de terríveis epidemias, doenças que assolavam as pessoas.

Os hospitais era completamente deficientes e péssimos e a crise econômica era terrível fazendo sofrer multidoes de pessoas lançando no mundo da miséria e da dor. Entre os debates teológicos que marcaram essa época, entre as teses de Sola Scriptura, Sola gratia, sola Deo Gloria, Sola Chistus etc. entre o Concílio de Trento e os peregrinos do mundo que vinham para Roma nasceu um homem que longe da discursao teológica e seguindo uma práxis de compaixao marcou o movimento de assistencia aos carentes de sua época.

Camilo de Lellis deixou um legado de cuidado e amor aos doentes, sobretudo a maneira de atende-los. Sua compaixao e olhar carregado de amor e doaçao pessoal aos doentes sobre tudo aos doentes pobres, excluído, abandonado acometido de moléstias contagiosas fez Camilo se dedicar ao máximo numa teologia de amor que contagiou outros a abraçar a sublime causa como também a reforma dos hospitais num ato de servir a Cristo através do amor, da compaixao, do apoio e da cura numa práxis que vai além da fraseologia oca do clericalismo de sua época criando assim a ordem dos ministros dos enfermos tendo como forma emblemática a cruz vermelha.

Esses dois modelos apresentados aqui nos fazem repensar um cuidado pastoral para os necessitados e portadores de deficiencias especiais. A figura de Camilo de Lelles no século XVI e a figura de Henry Nouwen no século XX nos ajudam a criar em nossas igrejas um caminho seguro para uma pastoral que vai além do clericalismo envolvendo a igreja toda para uma tarefa de amor integral juntos aqueles que precisam de apoio, carinho e salvaçao.


4 . Jesus Cristo protótipo seguro para uma pastoral de Cuidado junto aos Necessitados e Portadores de Deficiencia Especiais .

Jesus Cristo sem dúvida é um exemplo seguro para uma pastoral de cuidado junto aos necessitados e portadores de deficiencia especial.
Ele no transcurso de seu ministério se encontrou no palco da vida com muitas pessoas que viviam essa realidade e esse drama. O contexto na qual Jesus Cristo estava inserido nos mostra muita dor, sofrimento, religiosidade oca e acusativa, lampejos de desesperança e sistema político e religioso desfavorável para os necessitados e portadores de deficiencia.

Nao havia um programa sério, compreensivo, educativo de inclusao. A maioria dessas pessoas como é narrado nos evangelhos esmolavam pelas ruas, praças em busca de ajuda. A lista de milagres efetuados por Jesus ao longo do seu ministério é por demais grande e ali podemos nao somente perceber o milagre mais o mundo dramático dos deficientes de necessidades especiais.

No tanque de betesda registrado no livro de Joao no capítulo cinco mostra que o único programa que tinha nao era político, nem religioso mais místicos marcado por sonhos, ilusoes, competitividade, esperança e descaso social.

Uma coisa aprendemos com o tanque de Betesda a própria etimologia já aponta para um reflexao madura para a igreja que é comunidade do amor. Betesda é casa de misericórdia e isso é significativo aqui em se referindo a uma pastoral de cuidado aonde Cristo é o modelo.

Cristo em todo o seu ministério exerceu a misericórdia e a igreja em seu ministério deve exercer a misericórdia nos moldes cristologicos. Esse olhar misericordioso deve ser emblemático na igreja que é o corpo de Cristo na terra.

Em segundo lugar percebemos pela simples leitura do texto e do seu contexto que o tanque de betesda que ficava junto a porta das Ovelhas reunia uma multidao de pessoas com as mais diversas necessidades sendo algumas portadores de deficiencia especiais a Bíblia diz: Nestes, jazia uma multidao de enfermos, cegos, coxos, paralíticos (Jo.5.3).

Aprendemos aqui que a igreja como família de Deus deve ser essa porta aberta que recebe em sua estrutura eclesial os feridos e abatidos pela vida. Ela deve ser um tanque de Betesda aonde abriga todas as pessoas sem distinçao, sem preconceito, sem medo de exercer a misericórdia. A igreja deve repensar sem dúvida um programa claro que ajude essas pessoas em suas múltiplas necessidades que desemboca nao somente no campo espiritual, mais social, emocional e educativo.

Em terceiro lugar percebemos neste movimento na qual Jesus Cristo esta inserido que ele rumou para lá em dias de festas. Jesus nao ficou apático diante do problema, ele nao desfocou sua missao de ajudar o carente. As vezes em virtude de um pragmatismo desfocal a igreja perde a sua missao de anunciaçao das boas novas.

A correria contemporânea, o frenesi das agendas lotadas, os currículos eclesial demais saturado em programaçoes faz a igreja rodopiar em torno dela mesma esquecendo os 25 milhoes de portadores de deficiencia especiais que precisam de atençao.
É de suma importância que a igreja de Cristo em seu tom encarnacional ande pelo mesmo caminho que seu mestre andou. Esse caminho integral de Cristo junto aos necessitados e portadores de Deficiencia Especiais deve fazer parte da agenda da igreja do século XXI.

Por fim percebemos que Jesus Cristo ao visitar o Tanque de Betesda nos deixa mais um exemplo que devemos como igreja considerar. Ele olhou para o ferido em seu estado complexo e se moveu até ele. O texto nos diz: Jesus, Vendo-o deitado e sabendo que estava assim há muito tempo, perguntou-lhe: Queres ser curado?
Essa deve ser a pauta da igreja visualizar em meio a sua eclesiologia as pessoas em seu estado de necessidade e caos social. Jesus também estava informado da situaçao daquele homem.

Muitos cristaos como dizem por aí estao no mundo da lua e desconhecem temas que sao importante para a missao integral da igreja como a fome e a miséria que assolam milhoes de pessoas, violencia urbana, doméstica, familiar, preconceito em todos os seus requintes de brutalidade etc. Jesus conhecia o drama e o histórico daquele homem.

A igreja “ sal e luz” do mundo deve conhecer as necessidades do mundo ao seu redor e nao deve ficar somente olhando para o céu, pois entre a assunçao de Jesus e sua volta existe um mundo real que vivemos.

Vimos que Camilo de Lelles do século XVI teve esse olhar de misericórdia frente aos doentes de sua época. Ele se moveu ao encontro deles e os amou em forma de serviço e compaixao. Seu despojamento e coragem o fizeram viver no signo da ajuda aos necessitados espalhando amor em cada gesto em cada açao.

Richard Collier em seu livro biográfico Um General Perto de Deus, mostra o quanto o fundador do Exército de Salvaçao amou os necessitados, os feridos, os marginalizados dessa vida.

William Booth que faleceu no dia 20 de agosto de 1912 aos 83 anos de idade exerceu seu ministério de cuidado pastoral integral durante 60 anos. Seu olhar de misericórdia frente as pessoas que precisavam de ajuda marcou toda uma geraçao no século passado como também hoje. Seu brado em forma de compaixao deve mexer comigo e com voce frente as necessidades que ora estamos falando. “Eu lutarei até o fim” disse o velho general Booth se referindo ao seu ministério de amor e cuidado com as pessoas carentes.

5. Um Cuidado Pastoral a partir da reflexao pedagógica e Teológica Crista num Diálogo de uma Pastoral de Compaixao .

Em minha entrevista com a pedagoga Ana Paula Costa que é graduada em pedagogia pela Universidade Estadual de Santa Catarina “Udesc' com pós-graduaçao na área da Educaçao Especial analisemos juntos de maneira sintética e em tom de entrevista a participaçao de uma pastoral de cuidado nas igrejas evangélicas.

De um lado a minha fala teológica e de outro lado a sua fala pedagógica nossa conversa foi construindo uma redaçao de cuidado pastoral para os necessitados e portadores de deficiencia especiais

Ana Paula trabalha na Apae “ Associaçao de pais e amigos do Excepcionais a mais de seis anos na cidade de Tubarao no estado de Santa Catarina.

Em nossa conversa e proposiçao ficou claro que a igreja de modo geral nao possui um programa favorável para os deficientes em todas as suas dimensoes “ auditivo, visual, mental, físico etc.

A pedagoga Ana Paula se preocupa sendo professora e evangélica que a igreja tem desenvolvido tantos programas em sua estrutura de trabalho mais tem sido tardia em estabelecer uma pastoral de cuidado para os necessitados e portadores de deficiencia especiais.

Sendo profissional na área e vivendo a vida crista ela percebe a inaptidao dos pastores e de alguns membros em receber estes deficientes na igreja. Ana Paula mostra como professora que muitos alunos nao tem uma vida social inclusa por que recebem rejeiçao na sociedade em virtude de sua deficiencia e de um preconceito excentrico.

Ela entao repensa em cima dessa verdade contemporânea que a igreja que foi chamada para ser sal da terra e luz para o mundo e que é portadora de uma verdade libertadora e é conhecida como comunidade do amor, do perdao, da justiça, da inclusao e da reconciliaçao deve trazer essas pessoas rejeitadas para o seu ambiente para que eles se sintam amados e ajudados e que nao sofram nenhum tipo de rejeiçao, preconceito, ou deformaçao.

Para a pedagoga a igreja deve ser este ninho de amor que acolhe, que da carinho, que da afeto e a cima disso tudo que ela compreenda que Cristo morreu por eles sendo como diz a Bíblia o Messias de todos. Ana Paula salienta também um fato que é importante dentro da sua esfera de trabalho que é justamente o fato social de muitos necessitados e portadores de deficiencia especiais.

Ela salienta com pesar que além da deficiencia os familiares enfrentam o gigante da pobreza que é um fator complexo em seu mundo e no seu dia a dia. Muitos familiares dessa gama de pessoas além de ter um teto salarial muito irrisório nao tem nenhum grau de instruçao escolar e com isso acarreta várias coisas como melhoria de seu mundo vivencial, dificuldade em saber os seu direitos e deveres etc.

Outro ponto importante que ela ressaltou foi o componente da “angústia” A angustia da dor é vista no aspecto de mudança social da família e da nao aceitaçao e do processo longo até chegar a aceitaçao. Esse processo traz para a sua base a angustia, o medo e a conscientizaçao que o outro dependerá a vida inteira dos familiares.

Muitos pais nao tem uma vida social “normal” em virtude da deficiencia do seu filho. Isso é relevante diz ela ate mesmo em saídas, passeios, férias etc. por que uma vez que o deficiente é rejeitado com olhares frios, sorrisos escabrosos de pessoas de fora que passam admirados ou que nutrem em sua imbecilidade certo tipos de preconceito e espanto como também o isolamento, toda a família é atingida e isso cria sofrimento.

Muitos deficientes em tom escolar dizem a pedagoga nao tem uma melhora em virtude da falta de remédio por causa das condiçoes sociais. Também outra fator de transtorno se dá também no âmbito familiar aonde os pais colocam os filhos numa redoma de proteçao inibindo o seu progresso cognitivo e social alguns em virtude da vergonha outras por causa da cerca exagerada da proteçao.

Para Ana Paulo isso é um fator complexo por que a auto proteçao misturada com a falta de informaçao traz transtorno para o aluno. Como uma proposta justa para a igreja do caminho ela nos da uma dica para uma pastoral de cuidado que envolve toda a igreja.

Ela nos indica alguns caminhos para nós trilharmos como alguns caminhos sutis para nos evitarmos. Ela nos aponta alguns

1) Um caminho que a igreja deve evitar é fazer uma sala de aula só para essas pessoas especiais. Isso por si só já remete a uma exclusao em tom cientifico e nao uma inclusao. Essa tentativa deve ser projetada com muito zelo e cuidado.

2) Ela diz que uma das formas da falta da consciencia da igreja nessa temática esta no âmbito de seu descaso com as instituiçoes que trabalham com essa gama de pessoas. Para isso ela convida os pastores e lideres para conhecerem esse tipo de realidade e trazer para os seus púlpitos e comunidades uma consciencia missionária de cuidado pastoral com essas pessoas que andam fora das nossas igrejas vivendo numa redoma isolatista crista evangélica. Ela diz que as visitas nessas instituiçoes de cuidados especiais podem ser feitas com um agendamento prévio.

3) Ana Paula também diz que um dos pontos que a igreja evangélica pode fazer para trazer esses alunos para o centro da igreja é compreender que esses alunos possui algum tipo de habilidade. Esse envolvimento pode ser através da música, pois muitos tem habilidade para isso e o problema é que eles nao tem oportunidade. Ela afirma em termos técnicos que existem deficientes leves, moderados e severos e que a pastoral do cuidado deve a partir disso fazer um trabalho de contribuiçao e ajuda necessária.

4) A pedagoga salienta que numa pastoral de cuidado a igreja deve buscar essas pessoas dando oportunidades e se envolvendo no seu mundo. Para isso a igreja deve pensar que na sua estrutura eclesiástica tem pessoas que podem trabalhar com esses deficientes, pois existem vários profissionais que podem contribuir para á glória de Deus entre uma pastoral de cuidado.

Para ela aqui está a grande chave para o cuidado de compaixao e seu olhar multifacetário e essa percepçao de ministério é benéfico para a igreja e para a sociedade afirma ela.

5) Para ela nao haverá uma pastoral de cuidado sadio se os alunos nao se sentirem amados e cuidados e isso se dá na oportunidade em todos os seus anglos dimensionais. Ela louva algumas açoes já feita nas igrejas evangélicas mais também faz uma crítica no sentido que nao é somente fazer uma rampa de acesso ao templo, nem ter um culto para surdos ou disponibilizar Bíblias em braile, rampas, professores, e braile podem ser encontrados em shopping, hospitais, repartiçao pública etc porém para ela o cuidado pastoral vai além disso e desemboca no cuidado, na oportunidade, no envolvimento familiar e na conscientizaçao que ali esta um ser-humano que tem coraçao, que precisa de Jesus Cristo como salvador, que tem as mesmas necessidades como qualquer pessoa principalmente no campo dos afetos e da relaçao sadia e da oportunizaçao.

6) A grande sugestao social e emocional como espiritual que Ana Paula sugere é que as igrejas convidem essas pessoas para realizar uma oficina aonde eles irao demonstrar os seus trabalhos artesanais. Isso diz a pedagoga é uma forma de amor para com eles e também envolvimento para com a comunidade pois a igreja pode convidar seus membros como a vizinhança para prestigiar o seu trabalho e aprender com eles a arte da vida. Isso é uma forma de inclusao demonstrada através da arte em “Oficinas de Talentos”.

7) Ana Paula acredita que essa pastoral de cuidado vai alcançar também a família deles, pois a família desses alunos é muito aberta para receber amor, orientaçao e consolo. Ana Paula diz que a partir disso pode ser feito uma reflexao inicial nas aberturas das Oficinas de Talentos”, mostrando para eles que seus dons e habilidades vem das maos de Deus e mostrar na linguagem deles o plano soteriológico ‘ salvaçao”

8) Outra forma de cuidado pastoral salienta Ana Paula é fazer um trabalho com a família dos necessitados e portadores de deficiencia especiais pois muitas famílias culpam Deus de seus filhos nascerem assim.
Por fim Ana Paula relembra que muitas famílias sao pobres e nao tem condiçoes de comprar remédio etc. A igreja diz ela nao pode deixar a responsabilidade deste fato somente nos órgaos competentes mais ela deve se envolver em todas as esfera e abrir sua voz em prol dessas pessoas que sao amadas por Deus e criada a sua imagem e semelhança.

Ela deve abrir nao somente a porta do templo mais do coraçao para essas pessoas e suas famílias. Pois essa açao social e ajuda emocional – espiritual por parte da igreja é a espinha dorsal para o cuidado pastoral.

A igreja deve romper barreiras e quebrar paradigmas e se apresentar como ombro amigo para os necessitados e portadores de deficiencia especial só assim ela irá cumprir o “ide e pregai para toda a criatura” de Jesus Cristo fazendo missoes aonde muitos nao imaginam que podem fazer. Nao somente atravessando o oceano mais atravessando a porta das instituiçoes, as portas das famílias e levando o Reino de Deus para eles em meio ao drama da vida.

Temos construído até aqui uma narrativa nao pontual mais reflexiva que pode através dos exemplos, índices, dados e um olhar bíblico nos arremeter a ter um caminho que nos leva a um cuidado pastoral para com os necessitados e portadores de Deficiencia Especiais.

Essa proposta nao é um receituário hermético mais uma reflexao de duas vias completamente aberta ao diálogo. Acreditamos em tom integral que cada igreja conhece a sua realidade, o seu mundo, a sua estrutura eclesiológica.
Também acreditamos que o caminho sadio de uma proposta ou de um programa de cuidado especial é olharmos com o óculos da Bíblia e tirar dali o néctar do cuidado pastoral integral.

Essa visao bíblica passa também pelo caminho da vida e da percepçao do nosso mundo e suas necessidades. Nao existe um pensar teológico se nao consideramos um pensar hermenéutico tanto bíblico como contextual “ sitz in leben”, como também nao existe uma agenda pastoral de cuidado se olharmos somente para dentro “ igreja” e nao para fora “ mundo dos homens”, pois o sal de fato deve ficar no saleiro e também fora do saleiro.

Vimos na pessoa de Henri Nouwen um caminho de despojamento e paixao. Ele se demitiu de Haward conceituada universidade mundial para se embrenhar no cuidado pastoral dos deficientes tendo seu ponto alto em Adam que o inspirou no caminho da espiritualidade integral.

A igreja de Cristo deve em sua plataforma extipar do seu centro aquilo que nao glorifica a Deus como um pragmatismo excentrico, fama, va glória, modismos que fazem a igreja enfermar eclipsar a sua missao.

Existem milhoes de pessoas esperando que a igreja de Cristo descruze os seus braços e abrace os náufragos dessa vida, os feridos, os abatidos, os excluídos e os necessitados e portadores de deficiencia especiais.
Que o nome de Deus possa ser glorificado através do ministério teológico e prático da igreja que é a reconciliaçao em tempo oportuno do homem com Deus no entroncamento da missao integral iniciada por Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo.
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Estudo realizado pelo
Pastor Carlos A. Lopes
Teólogo 


Extraído do blog: suzyscosta.blogspot.com