quarta-feira, 20 de abril de 2016

Um Cristão Para Todos Os Cristãos - C. S. Lewis


Lewis era muito modesto em relação à vida devocional. Ele gostava de dizer: "Não sou como os místicos, aqueles que sobem a montanha para orar. Sou alguém que está no sopé da montanha. Eu não estou muito alto, nem lá embaixo. Vivo no meio da montanha, como um cristão normal". Lewis achava que a submissão à vontade de Deus é mais importante do que fazer grandes façanhas na oração. Ele aconselhava: "Não seja dramático em sua vida de oração". Ele meditava e orava ao redor do parque, depois de dar suas aulas na universidade. Também delineou a força de atração do que chamava de "doce desejo e alegria", a saber, o sabor da presença de Deus na vida diária, que atinge o coração como se fosse um golpe, quando a pessoa experimenta e desfruta das coisas, revelando-se, em última análise, com um anelo não satisfeito por quaisquer realidades ou relacionamentos criados, mas amenizado somente na entrega de si mesmo, no amor do Criador, em Cristo.

Conforme Lewis sabia, diferentes estímulos disparam esse desejo em diferentes pessoas. Quanto a si mesmo ele falava sobre "o cheiro de uma fogueira, o sonido de patos selvagens que passam voando baixo, o título de The Well at the World's End, as linhas iniciais de Kubla Khan, as teias de aranha de fim de verão, o ruído das ondas na praia". Ao lado de diversos escritores do passado, que tinham um discernimento muito mais profundo sobre essas questões que as pessoas de hoje, Lewis via o amor a Deus nos elevando até Deus, enquanto o contemplamos e o desejamos por Ele, em lugar de arrastar Deus para baixo, em nosso nível, como muiros hoje em dia tendem a fazer.

James Houston, que conviveu com Lewis de 1947 a 1952, re¬gistrou a impressão que tinha sobte ele:

Gostava muito de estar num ambiente onde havia controvérsia e discussão. Era tão perspicaz e cheio de humor que nos deixava receosos de nos aproximar dele. Mas, na verdade, Lewis era muito tímido e discreto com sua própria vida emocional. [Ele] tinha um par de sapatos marrom, uma calça de veludo marrom e uma jaqueta marrom que usou por uns quinze anos. A jaqueta estava sempre amarrotada na altura do colarinho.

Ele era um cristão praticante, que orava, paciente e persistentemente, fazendo o bem. Não era um teólogo profissional, mas era, em suas palavras, "apenas um cristão comum, tentando pensar com clareza", que buscava evitar as disputas entre as diferentes igrejas, por crer que Deus o colocara na linha de frente, onde o cristianismo enfrenta o mundo, e não por trás delas, onde uma guerra civil assola os cristãos. Sua tarefa era a de defender o cristianismo puro e simples, e não qualquer igreja em particular, demonstrando a superioridade racional do cristianismo sobre todo e qualquer entendimento da realidade.

Segundo Russell Shedd:

A originalidade de seu pensamento, o incomparável progresso de sua lógica e a criatividade de suas idéias são como um banquete posto para famintos. E difícil menosprezar esse gigante das letras, mesmo quando não temos a capacidade de captar todas as nuanças da ampla compreensão que ele tinha do cristianismo. [Mas] é possível sentir a paixão de um coração voltado para Deus e preocupado com a transmissão das boas-novas de salvação. Ele talentosamente comunica-se com homens que em parte rejeitaram o evangelho por causa da simplicidade de evangelistas faltos de profundidade.

Franklin Ferreira

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